Crédito imobiliário com recurso da poupança salta 169% no 1º semestre no Ceará

O crescimento foi o terceiro maior do Brasil e ainda ficou acima da média nacional, que teve alta de 124%

O Ceará teve um salto de 169% no crédito imobiliário com recursos da poupança no primeiro semestre de 2021 ante igual período do ano passado. O montante neste ano chegou a R$ 1,65 bilhão, enquanto somou R$ 612,8 milhões em 2020. O crescimento foi o terceiro maior do Brasil e ainda ficou acima da média nacional, que teve alta de 124%

Os dados são da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e foram divulgados nesta quinta-feira, 22, pela presidente da entidade, Cristine Portella, durante entrevista coletiva à imprensa. No levantamento constam financiamentos de imóveis prontos, novos e usados, e também empréstimos para a casa própria.

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Ante outros estados do País, o Ceará vem em seguida apenas do Pará, que cresceu 184% na mesma base de comparação e do Rio Grande do Norte, com 193%, a maior alta do Brasil. Se foram contabilizadas as unidades, no primeiro semestre de 2021 foram 7,9 mil financiadas, o que dá 5,3 mil a mais ante igual período do ano anterior, quando cerca de 2,6 mil imóveis tiveram empréstimos.

Outro destaque no Estado em relação ao dados Abecip foi o volume de empréstimos para a construção da casa própria, que aumentou 418% no primeiro semestre de 2021 ante igual período do ano passado. Foi a segunda maior alta do país, atrás apenas de Sergipe, que cresceu 422%.

O levantamento ainda aponta que, apenas em junho, o crédito com recursos da poupança chegou a R$309,1 milhões no Ceará, salto de 114%. Já o volume financiado somente para aquisição de imóveis prontos, novos ou usados, cresceu 133% no Estado, considerando o primeiro semestre de 2021 versus igual época de 2020.

No País, os financiamentos imobiliários para a compra e a construção de moradias totalizaram R$ 97 bilhões no primeiro semestre de 2021, o que representa uma alta de 124% em relação a igual período de 2020.

Vele lembrar que o levantamento considera apenas os empréstimos cujos recursos tiveram origem nas cadernetas de poupança - maior fonte de funding do setor. Não entram aí, por exemplo, o crédito com origem no FGTS, segunda maior fonte.

De acordo com a Abecip, os financiamentos para aquisição de imóveis, concedidos para pessoas físicas, atingiram R$ 79,7 bilhões no semestre, alta de 133%. As transações com imóveis novos subiram 136%, para R$ 55,0 bilhões; enquanto com usados subiu 128%, para R$ 24,7 bilhões.

Por sua vez, o crédito imobiliário para as construtoras erguerem seus empreendimentos chegou a R$ 17,4 bilhões no semestre, avanço de 89%. A inadimplência da carteira consolidada subiu de 1,6% no fim de 2020 para 1,8% em junho de 2021.

A Abecip informou ainda que o crédito pessoal em que o imóvel é dado como garantia - o chamado home equity - alcançou R$ 1,8 bilhão no semestre, alta de 47%.

Consolidado do mercado

Os financiamentos com recursos do FGTS chegaram a R$ 24,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, uma queda de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa categoria atende ao mercado imobiliário de menor renda, especialmente dentro do programa Casa Verde e Amarela. Já financiamento com dinheiro das cadernetas atende os setores de médio e alto padrão.

Considerando as duas categorias (SBPE e FGTS) o mercado registrou um total de R$ 121,7 bilhões em concessões de crédito no semestre, aumento de 73%.

O crédito imobiliário com recursos da poupança deve bater recorde neste ano, chegando a R$ 195 bilhões, projetou Cristiane Portella. Se confirmado, o resultado representará um crescimento expressivo de 57% em relação a 2020, quando foram liberados R$ 124 bilhões em empréstimos. O montante também será bem maior do que nos anos anteriores: foram R$ 79 bilhões em 2019, R$ 57 bilhões em 2018 e R$ 43 bilhões em 2017.

"A carteira de crédito imobiliário no Brasil representa apenas 9,8% do PIB. Em outros países, como o Chile, isso passa de 20%. Isso mostra que temos um potencial muito grande de crescimento", afirmou a presidente da Abecip.

As taxas de juros abaixo da média histórica e a maior valorização das moradias em meio à pandemia têm ajudado a manter o mercado aquecido, apesar da crise econômica. Cristiane Portella destacou que o crescimento na concessão de crédito tem sido visto em todas as regiões do País.

A presidente da Abecip apontou também que há um movimento de recuperação da economia brasileira. A entidade trabalha com uma previsão de crescimento do PIB de 5,3% para o acumulado de 2021. "Há uma recuperação em andamento, mas nada excepcional".

Ela citou ainda dados setoriais que apontam crescimento dos lançamentos de imóveis, além da perspectiva de crescimento do PIB da construção em torno de 2,5% neste ano.

A Abecip espera ainda que o desemprego recue dos atuais 14,7% para 13,7% no fim do ano, o que ajudará a reforçar a demanda. A projeção para a Selic é de 6,75%, em linha com o Boletim Focus. Já a curva futura de juros para 10 anos está em 9% ao ano, ante 6,6% 12 meses atrás. O risco-país previsto para o fim de 2021 está em 275 pontos (tomando como base o Emerging Markets Bonds Index, EMBI).

Juros

As taxas de juros do crédito imobiliário tendem a subir neste semestre, influenciadas pela elevação da taxa de juros básica da economia (Selic), avaliou Cristiane Portella. "Devemos verificar ajustes para cima nas taxas de juros neste segundo semestre", disse. "É natural é que tenhamos, sim, um reajuste de taxa", completou.

A projeção da Abecip para a Selic no fim de 2021 é de 6,75%, em linha com o Boletim Focus. Há, entretanto, instituições financeiras que já preveem Selic acima dos 7% até o fim do ano, por conta do nível alto da inflação.

Cristiane Portella ponderou que a elevação esperada da taxa de juros do crédito deve ser numa magnitude inferior ao do avanço da Selic. Na sua avaliação, o mercado imobiliário vive um bom momento, com nível alto de vendas e bastante competição entre os bancos. "As instituições estão vendo valor no relacionamento de longo prazo com consumidor", observou.

A presidente da Abecip afirmou que não espera um esfriamento do mercado no curto prazo, dado que a taxa do crédito seguirá "atrativa" em comparação com níveis históricos.

Ela destacou ainda que o mercado contou com o lançamento de novas modalidades de crédito nos últimos anos, com taxas pré-fixadas, e outras reajustadas por IPCA e Poupança. "O que se lançou está em fase de consolidação e melhor entendimento pelos consumidores. (Com Agência Estado)

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