Comércio teme queda maior e defende de vacinação a melhorias no transporte como alternativas

Para representantes de entidades do setor, redução no horário de atendimento também pode gerar mais aglomerações em estabelecimentos

O setor do comércio, notadamente o varejo, expressou preocupação com a redução nos horários de atendimento estabelecidos pelo novo decreto do governo estadual em vigor deste sábado, 27, até o próximo dia 7 de março.

Nesse período, as lojas de rua devem fechar às 17h e às de shopping centers às 19h, durante a semana. Aos fins de semana, também os estabelecimentos comerciais que ficam em shoppings devem fechar às 17h. As medidas anunciadas na sexta-feira, 26, visam reduzir a propagação da Covid-19, em um momento de aumento de casos na Capital e no Interior.

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Além de temer uma queda ainda mais acentuada nas vendas, que em alguns casos chega a 40%, representantes de entidades de classe ligadas ao segmento apontam outros eventuais riscos das restrições adotadas, tais como a possibilidade de haver mais aglomeração nos estabelecimentos e nos transportes coletivos durante o horário reduzido de atendimento.

O presidente do Sindilojas Fortaleza, Cid Alves, argumenta que “em lojas, há uma quantidade limitada de pessoas que podem acessá-las por vez, mas nos ônibus não têm. Então, em uma loja, por exemplo, há cadeiras para que os clientes ou os colaboradores se sentem, com espaçamento de uma sim outra não, ou uma sim e duas não, dependendo do tamanho do espaço. E isso não ocorre nos ônibus. Então, a gente tem uma grande fonte de disseminação e propagação do vírus, que é o transporte público”.

Para ele, deveria haver aumento no número de ônibus circulando e um escalonamento no horário de início das diferentes atividades econômicas em vez de redução de horário de funcionamento das lojas. Cid Alves afirma, ainda, que poderiam ser adotadas restrições por bairro, de acordo com a evolução do número de casos pela cidade. O dirigente classista também critica a não inclusão do setor de material de construção entre as atividades consideradas essenciais, considerando emergências domésticas que podem aumentar com as pessoas ficando mais tempo em casa.


O presidente do Sindilojas também projeta demissões e fechamentos de estabelecimentos comerciais. “A gente não está conseguindo manter as pessoas empregadas porque não está vendendo como antes. Eu tenho uma preocupação enorme com o que vai acontecer, a partir de maio e junho, a partir das consequências negativas do que está acontecendo agora”, diz.

Nesse sentido, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) do Ceará, Maurício Filizola, avalia que o decreto com mais restrições no horário de funcionamento das empresas vai na contramão do movimento do segmento para evitar o agravamento da pandemia no Estado. “Nós tivemos todo um passo a passo durante esse período de adequação, de criação de protocolos, de capacitação dos próprios colaboradores para esse momento, em termos de cuidados pessoais e coletivos”, enumera.

Ele também afirma com base em estudos internos que o número de pessoas acometidas pela Covid-19 no segmento é inferior ao registrado na população cearense como um todo. “Estamos vendo prefeituras adotando lockdown, às vezes, por medo ou desconhecimento de como a Covid-19 realmente se propaga e como pode ser prevenida”, critica.

Vacina contra a crise

Por sua vez, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, disse acreditar que as novas restrições estabelecidas trazem poucas mudanças em relação ao decreto anterior e são menos amargas que um especulado ‘lockdown’, com o fechamento de todas as atividades não essenciais, a exemplo do que ocorreu entre meados de março a maio do ano passado.

Ele defende que o poder público se mobilize em torno da aceleração do processo de vacinação das pessoas para a retomada da atividade econômica aos patamares anteriores aos da pandemia. “A gente entende que tem uma responsabilidade muito grande com os nossos consumidores e com os nossos colaboradores e temos que seguir a ciência. Temos que trilhar nesse caminho mesmo, por mais difícil que seja, mas a grande saída mesmo é a vacinação. O Estado, como ente federativo, tem que buscar isso”, defende.

Cavalcante projeta, por fim, que a retomada do pagamento do auxílio-emergencial pode reaquecer o consumo e cita como exemplo os resultados do segmento em 2020, que atribui ao benefício. “No ano passado, mesmo com os 78 dias que ficamos parados tivemos crescimento no nosso segmento de 2% a 3%. Essa transferência de R$ 600 do auxílio emergencial foi fundamental para isso. Coisa que hoje nós não temos”, explica.

“Com R$ 250, a população já começa a consumir. Isso é importante porque houve muito desemprego nesse período. No varejo, estamos segurando o máximo que a gente pode para não demitir, uma vez que o desempregado não consome nada e nós vivemos do consumo”, argumenta o presidente da CDL Fortaleza.

 

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