"Em um semestre": Mais de 70% da população pode ser vacinada no Brasil, diz pesquisadora da Fiocruz

Em reunião virtual do Lide Ceará, a pneumologista, pesquisadora da Fiocruz e uma das principais cientistas com destaque nos estudos e combate à Covid-19, Margareth Dalcolmo, destaca que capacidade de produção de vacinas de Fiocruz e Butantan permitem que maioria da população seja vacinada até o fim do ano, questão logística é desafio

Existe a possibilidade do Brasil ter vacinado pelo menos 70% da população em seis meses. Essa é a expectativa da pneumologista, pesquisadora da Fiocruz e uma das principais cientistas com destaque nos estudos e combate à Covid-19, Dra. Margareth Dalcolmo. "Podemos fazer em um semestre se tivermos vacinas e logística", destacou ela durante a reunião online com empresários do Lide Ceará sob o tema "Ciência e Economia – Uma Análise dos Cenários para 2021".

A pesquisadora da Fiocruz destaca que, a partir do momento em que o Brasil passar a produzir as vacinas em solo nacional, mais e mais milhões de doses devem ser produzidas de forma mais célere. Ela acrescenta que o IFA será produzido totalmente no País a partir de maio, acabando com a dependência de importações vindas da Ásia. Margareth ainda destaca que na área logística o setor privado poderia contribuir para levar a vacina para as áreas mais afastadas do País.

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A iniciativa dos estados de negociar individualmente a importação de vacinas é vista pela pesquisadora como uma ansiedade que deixará de prosperar quando os dois institutos brasileiros passarem a atender a demanda nacional. Ainda critica a ideia das clínicas particulares tentarem importar vacinas da Índia para comercializar o imunizante no Brasil.

"À questão aventada de compra de vacinas pela iniciativa privada nos colocamos contra de forma veemente e que seria intolerável pelo que vivemos no Brasil. Não tem o menor sentido pensar isso, a iniciativa privada deveria pensar junto a logística para a vacinação", analisa.

Ainda segundo a pesquisadora da Fiocruz, o momento que estamos vivendo no Brasil exige que tenhamos um diálogo propositivo entre saúde e economia, não de desentendimento. Define que a pandemia é um fenômeno modificador das nossas vidas. Acredita que "por tratarmos tão mal o nosso planeta" essa não deve ser a última grande epidemia mundial.

Economia nacional

Também palestrou na reunião online do Lide Ceará o economista, pesquisador associado em Políticas Públicas no INSPER e que foi assessor especial do Ministério da Fazenda de 2016 a 2018, Marcos Mendes. Ele destaca que a pandemia foi um choque muito grande numa economia nacional que é necessitada de reformas estruturais, mas que se encontra com um presidente que está refratário a agenda de reformas.

Mendes - que é autor do livro "Por que é difícil fazer reformas econômicas no Brasil?" e foi um dos responsáveis pela elaboração da proposta do Teto de Gastos e do Regime de Recuperação Fiscal dos Estados - aponta que, apesar de rápida, a resposta da equipe econômica à pandemia pecou pelo excesso, diz ainda que o auxílio cobriu muito mais pessoas do que precisava e que estados e municípios receberam socorro maior do que o necessário. "Isso teve um custo fiscal brutal, pois já estávamos muito endividados quando entramos na pandemia. A pandemia tem durado muito mais do que o imaginado e corremos o risco de perder o controle da dívda pública ao socorrer as pessoas agora, sob o risco de colocá-las na pobreza nos próximos anos, por isso é necessário tomar muito cuidado com a ação a ser tomada agora".

"Estamos passando a dívida para os mais jovens e crianças que vão precisar pagar no futuro", complementa.

Sobre a eleição nas casas legislativas nacionais, vê com menor entusiasmo. Não acredita que formar uma base política com o Centrão seja positivo para o atual governo. "A coalisão é mais um seguro contra o impeachment do que uma sinalização pró-reformas". Depois de dois ou três meses se fechará uma janela de oportunidades para a área econômica trabalhar junto ao Congresso, mas depois não deve andar muito mais."

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