Associação de clínicas particulares negocia vacina contra Covid-19; três empresas são do Ceará

A ABCVAC negocia vacinas contra o novo coronavírus e tem, entre os associados, as clínicas Dra. Núbia Jacó e a Previne Clínica de Vacinação, ambas em Fortaleza, e a Vivat, em Sobral

A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) comunicou que negocia 5 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus. No Ceará, dentre os associados, encontram-se três clínicas: a Dra. Núbia Jacó e a Previne Clínica de Vacinação, ambas em Fortaleza, e a Vivat, em Sobral.

Conforme a ABCVAC, foi feito contato com todos os fabricantes das vacinas contra o novo coronavírus que estão em pesquisa. Mas, em busca de ampliação da cobertura vacinal contra a Covid-19, uma missão brasileira composta pelo presidente da Associação, Geraldo Barbosa, e membros da diretoria da entidade, embarcaram nesta segunda-feira, 4, para a cidade de Hyderabad, capital do estado de Telangana, no sul da Índia, para conhecer a fábrica da Bharat Biotech, empresa que está desenvolvendo a vacina Covaxin.

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A viagem é para viabilizar a importação da vacina no Brasil pelas clínicas privadas, após sua autorização pela Anvisa. A Covaxin obteve, no último sábado, 2, recomendação para seu uso emergencial pelas autoridades da Índia. A vacina, administrada em duas doses com intervalo de duas semanas entre elas, induziu um anticorpo neutralizante, provocando uma resposta imune e levando a resultados eficazes em todos os grupos de controle, sem eventos adversos graves.

Na última fase antes da liberação para uso emergencial, ela foi aplicada em 26 mil voluntários em 22 localidades da Índia. “Essa deve ser a primeira vacina disponível para o mercado privado brasileiro, por meio de um MOU (Memorandum of Understanding) assinado com a ABCVAC”, diz, em nota, o presidente da entidade, Geraldo Barbosa. Segundo a ABCVAC, as 200 associadas que representam 70% do mercado privado nacional, terão prioridade na aquisição do imunizante.

A vacina, porém, ainda não tem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser distribuída no Brasil. A liberação do órgão envolve diversas etapas até o registro e outras informações de vacinas contra covid-19. O processo estabelecido pela agência envolve a observação de possíveis reações adversas, a fase de avaliação de qualidade, de certificação de boas práticas de fabricação, o pedido de uso emergencial, o pedido de registro e o monitoramento do plano de gerenciamento de risco.

Segundo Barbosa, a ideia é que a empresa disponibilize 5 milhões doses para o mercado privado brasileiro, que devem chegar em meados de março, a depender dos trâmites de aprovação das agências reguladoras. “Inicialmente a notícia era de que as clínicas privadas brasileiras não teriam doses disponíveis, porém, com a entrada desse novo player (empresa) no mercado, tivemos a oportunidade de negociação. Estamos muito felizes em ter a chance real de contribuir com o governo na cobertura vacinal, utilizando da saúde suplementar para desafogar os gastos públicos”, explica Barbosa.

Conforme a ABCVAC, a Bharat Biotech possui capacidade produtiva de 300 milhões de doses, que devem atender ao mercado interno indiano e também ao sistema público de saúde brasileiro, por meio de um protocolo de intenções firmado com o Governo Federal.

A tecnologia da Covaxin é a do vírus inativo, e permite que o acondicionamento da vacina seja realizado entre 2° a 8°C. A previsão é que seja lançada no mercado em fevereiro de 2021, e a projeção é que a validade contra a Covid-19 seja de 24 meses.

A Bharat Biotech está desenvolvendo a vacina Covaxin em colaboração com o Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR). A empresa possui, em seu portfólio, 14 vacinas e 5 medicamentos biológicos e exporta seus produtos para mais de 118 países. Entre seus parceiros de pesquisa e desenvolvimento estão a Fundação Bill & Melinda Gates, a Organização Mundial da Saúde, a Universidade de Oxford e outras instituições. 

Confira o aqui andamento da análise das vacinas na Anvisa

Repercussão

O anúncio gerou repercussão nas redes sociais, durante o fim de semana. Diversos usuários do Twitter criticaram a negociação, afirmando que favorece a rede privada de saúde, em detrimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram postados diversos comentários afirmando que as pessoas sem plano de saúde e que dependem da rede pública serão prejudicadas.

Procurado, o Ministério da Saúde disse que o início da vacinação contra Covid-19 deverá ser realizado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme previsto no Plano de Operacionalização da Vacinação.

"Na eventualidade da integração de clínicas particulares de vacinação ao Plano Nacional, é preciso observar que o registro da aplicação do imunizante precisaria ser feito junto à Rede Nacional de Dados de Saúde e à caderneta digital de vacinação. Esta rastreabilidade possibilita identificar quem tomou a vacina e em qual data, além de precisar o laboratório e o lote do imunizante, possibilitando a aplicação de uma segunda dose no prazo correto", acrescenta, em nota.

A pasta diz ainda que, mesmo com a negociação entre a ABCVAC e a Bharat Biotech, a imunização irá respeitar a ordem de grupos, priorizando os já definidos como prioritários. "Os grupos prioritários, propostos pelo Ministério da Saúde em parceria com Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), devem, a princípio, ser obedecidos mesmo que haja integração de clínicas particulares de vacinação ao processo de imunização", diz o Ministério. (Com Agência Brasil)

 

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