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Indústria sente o impacto da greve dos caminhoneiros; veja balanço dos setores

22:50 | Mai. 30, 2018
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Tipo Notícia
A paralisação dos caminhoneiros atingiu de várias formas os diferentes setores. Indústrias que não pararam precisaram diminuir o ritmo de produção. Outras têm fornecimento garantido na Capital, mas demonstram preocupação com o Interior que depende das rodovias federais para distribuição. Confira balanço de 21 sindicatos da indústria cearense.
 
O Sinduscon afirma que os prejuízos são grandes, mas destaca que o movimento levantou questões da pauta nacional que estavam paradas, como a alta carga tributária e outros problemas que atingem de forma geral a sociedade brasileira. 

O Sindbrita diz que a categoria permanece sem condição de trabalhar por falta de insumos que vem de outros estados. "Não há como calcular os prejuízos mas deverão ser enormes, pois se a situação já estava ruim, piorou muito porque as vendas ficaram paradas. É impossível hoje calcular em quanto tempo o setor voltará a normalidade", diz a nota.

De acordo com o Sindtêxtil, a estimativa é de que aproximadamente 800 toneladas de insumo estejam retidas nas rodovias e no Porto do Pecém. "Algumas empresas estão tendo que parar. Um dia parado representa quase um quilômetro de tecido que deixa de ser processado nas fábricas e o reflexo disso envolve toda a cadeia produtiva. Não há como prever quando o segmento retornará à normalidade", diz o sindicato. 

O Sindgrafica diz que em números reais não há como prever prejuízos, mas a falta de insumos fez com recusássemos pedidos porque tivemos que adaptar a produção com outros materiais. De qualquer forma, não houve paralisação das gráficas. Ele acredita que mesmo com o término da greve o setor levará ainda 15 dias para se normalizar. 

O Sindlacticinio aponta que, no setor de laticínios, os prejuízos giram em torno de R$ 8,4 milhões. Como o segmento depende muito do pequeno produtor que leva a produção diária para as unidades fabris, essa logística ficou parada e como não tinha como ser armazenada essa produção pelo pequeno produtor, isso acabou se estragando. Já nas fábricas, mesmo com essa matéria-prima chegando, não pode sair por falta de transporte.

O Sindcerâmica diz que o setor sentiu o impacto da greve com os atrasos nas entregas e consequentemente no faturamento, especialmente as empresas que dependem da BR-116 para escoar a produção. No segmento de telhas, 80% das entregas deixaram de ser realizadas e no segmento de blocos 60%. A expectativa é que a situação se normalize em 15 dias. 

Já para o Sindcalf, não houve impactos. Segundo o presidente do sindicato, Jaime Belicanta, a maioria dos associados são micro e pequenas empresas e não contabilizaram prejuízos. 

De acordo com o Sindminerais, muitas fábricas ficaram paradas por falta de insumos e sem capacidade de estocar a produção. Situação, na avaliação do presidente Marcelo Quinderé, é crítica. Poderá haver efeito cascata, já que muitas empresas não possuem capital de giro, gerando inclusive demissões. Segundo o presidente, o setor movimenta em torno de 4 mil caminhões por mês, entre insumos e produto final, mas não é possível precisar quanto deixou de ser transportado com a greve. Presidente diz não ter previsão de normalização da situação. 

Já a produção do Sindconfecções não foi impactada pela paralisação por ter estoque de insumos suficiente, porém encomendas estão atrasadas. Segmento de moda íntima preocupa porque insumos vêm de outras regiões e produtos a serem exportados podem deixar de ser entregues no prazo, gerando cancelamento da compra. 

O Sindserrarias diz que o setor impactado pelo não recebimento de insumos, porém fábricas continuam produção normal pois já tinham estoque. Não há previsão de quando será normalizado. 

O Sindsorvetes diz que o setor ficou sem receber embalagens e teve grande dificuldade com relação as frutas que vem de outros estados. Não estão  conseguindo abastecer o interior do Ceará com a mercadoria. O setor só vai voltar ao normal entre uma semana a 10 dias. 

"Ficamos sem combustível nos tratores e viaturas pesadas. A Capital está voltando ao normal, mais no interior ainda está difícil a chegada de combustível. Ainda não fizemos o levantamento do prejuízo da região Nordeste, mas é um montante muito significativo. É um prejuízo que não vai ser ressarcido", diz o Sindienergia em nota. 

Para o Sinconpe, a retirada da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) sobre o preço do diesel, anunciada pelo governo federal, pode não trazer um impacto significativo para o consumidor, tendo em vista que o tributo corresponde a apenas R$ 0,05 do preço do diesel. Porém, prejudica forte e diretamente o setor da construção pesada, alerta. Em relação ao prazo da volta das atividades, não tenho como opinar, estamos dependendo de outros setores, e não há como prever. 

O Sindquímica diz que as indústrias que ainda não pararam já reduziram em mais de 30% o ritmo da produção para evitar a completa paralisação das atividades. O impacto dessas medidas, até agora, deve passar de 30% do faturamento do mês dessas empresas no Ceará e pode comprometer a retomada do nível da produção do segmento a patamares anteriores aos dos anos de crise econômica.  Os prejuízos de todo esse tempo de paralisação são incalculáveis. O setor já cogita implementar férias coletivas aos trabalhadores. Não adianta ficar com funcionários de braços cruzados. 

O Sindmóveis afirma que muitas indústrias já estão com mercadoria vendida, sem faturar porque não tem quem transporte. A mercadoria está em estoque e não conseguimos entregar. Há casos de carros que saíram para entrega e continuam presos sem conseguir chegar. Para outras, vai começar a faltar muito em breve matéria prima. A partir do dia de normalização, o prazo é de, no mínimo, 15 dias para regularizar. 

O Sindpan expressa preocupação com o interior do estado. "Estamos com dificuldade de escoar a farinha de trigo. Muitas padarias ficarão sem abastecimento. Na Capital, não há esse problema porque o material vem de navio até o Porto do Mucuripe. Isso vai comprometer nossa produção se não for logo regularizado. 95% do setor é de micro e pequenas empresas que não suportam grandes variações no cenário econômico, são mais sensíveis a esses fatores. A falta de trigo para essas empresas pode ocasionar desemprego. Nossa estimativa é de 10 a 15 dias para normalizar o atendimento", diz o presidente Ângelo Nunes. 

O Sindiembalagens afirma que a falta de entrega de insumos e o encerramento dos estoques devem provocar paralisação das indústrias de embalagens. Algumas das pequenas indústrias já devem estar parando. Se não chegarem os caminhões com matérias primas até o início da próxima semana mais indústrias devem parar. Se chegar a esse ponto, toda a cadeia produtiva entraria em colapso provocando prejuízos inestimáveis para diversas empresas e pondo em risco a manutenção de milhares de empregos. Estimamos prejuízo de cerca de 30% do faturamento das empresas do setor.

O Simec destaca que mais de um terço das indústrias do setor já tem prejuízos. Já há casos em que as atividades tiveram de ser suspensas. Algumas já estão quase na linha do desespero. A matéria prima não chega e o que está em estoque foi produzido e não se consegue expedir porque não há caminhão para evacuar a produção para normalizar. Seriam necessárias de 48h a 72h após o retorno dos caminhões às rotas. 

Presidente do Simagram, Carlos Rubens afirma que o prejuízo grande. "Deixamos de embarcar 70 containers para exportação, o que corresponde a US$ 1,5 milhão. Somado a isso, deixamos de enviar em pedras para industrialização em outros estados, cerca de 1.200 metros cúbicos, o que corresponde em a US$ 2 milhões. Levaremos, no mínimo, 45 dias para regularizar as vendas. O estrago já está feito", diz.

O Sindialimentos afirma que vários produtos estão faltando e os preços estão altos, o que afeta diretamente a população. O reabastecimento não se retoma no curto prazo. Muitas empresas já estão parando atividade, comprometendo a produção, a exemplo dos laticínios, frutas, ovos, frango, suínos, polpa de fruta, produtos refrigerados em geral. Se a greve parar hoje, vai precisar de pelo menos duas semanas para que volte ao normal.
 
Redação O POVO Online

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