Adeus, crise?
O que já vinha sendo sinalizado pelo mercado foi concretizado nesta quinta-feira, 1º de março. Após enfrentar a pior recessão econômica de sua história, que teve início ainda em 2014, o Brasil finalmente, e de forma oficial, diz adeus à crise.
Depois de dois anos consecutivos de queda, 2015 e 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a crescer em 2017, alta de 1%. O número divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é animador e revela o esforço da equipe econômica do Governo, que trabalhou, por exemplo, em prol da queda da inflação e da taxa básica de juros (Selic).
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Por outro lado, o crescimento de 1% no PIB, embora seja positivo e ajude a aumentar a confiança dos brasileiros, ainda não repõe o que perdemos ao longo da recessão.Em 2015 e 2016, a economia nacional recuou 3,8% e 3,6%, respectivamente, acumulando expressiva queda de 7,4% no biênio.
Então, não podemos falar em crescimento, ao "pé da letra", mas no começo de um possível movimento de recuperação econômica. Neste ano, o desempenho da nossa economia deverá ser mais robusto, acima de 3%, segundo a última previsão do mercado. Para 2019, a expectativa é que fique em torno de 3%.
Porém, sem as reformas que o Governo ainda não conseguiu emplacar, em especial a previdenciária, a atividade econômica poderá desacelerar. Com a não aprovação das mudanças na Previdência neste ano, que já está praticamente cravada pela irresponsabilidade parlamentar de Brasília, a previsão é que o PIB de 2018 feche em 1,7%.
Na manhã de hoje, o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comemoraram o resultado da atividade econômica econômica em 2017. "Agora podemos avançar. Não vou deixar o País andar para trás", disse Temer, no Twitter, destacando que cumpriu a promessa de colocar a economia do Brasil em pé. De fato, saímos da pior recessão e não queremos dizer "até logo" à crise.
Mas existem muitos entraves, frutos de interesses políticos diversos, tanto da base aliada quanto da oposição ao Governo, que teimam em atrapalhar o crescimento sustentável do País e deixam a briga entre "recuar" e "avançar" mais acirrada. Ainda não há razões para excesso de otimismo.
Raone Saraiva
Editor-executivo de Economia
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