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Variação da taxa de desemprego foi maior para pessoas com mais de 59 anos, diz Ipea

Se forem consideradas as perdas acumuladas desde o início de 2015, as maiores se deram nos grupos que tendem a ter desemprego mais elevado, com destaque para jovens de 14 a 24 anos
14:32 | Set. 20, 2016
Autor Beatriz Cavalcante
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Beatriz Cavalcante Articulista quinzenal do O POVO
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Tipo Notícia

Pessoas com mais de 59 anos apresentaram a maior taxa de variação de desemprego, cujo aumento foi de 132% na comparação entre o segundo trimestre deste ano com o último de 2014 (último período antes da piora no mercado de trabalho). Na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano a taxa de variação do desemprego apresentou alta de 44%, passando de 3,29% no primeiro trimestre para 4,75% no segundo trimestre.

Os dados são do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou, nesta terça-feira 20, a análise desagregada do mercado de trabalho, por meio dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) e dos dados detalhados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)%u200B.

Na análise de Sandro Sacchet de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, as condições do mercado de trabalho permaneceram em ritmo acelerado de deterioração no segundo trimestre de 2016. "As maiores perdas (em pontos percentuais) acumuladas desde o início de 2015 foram justamente dos grupos que tendem a ter desemprego mais elevado (com destaque para os jovens de 14 a 24 anos)", acrescenta.

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Segundo o especialista, desde o último trimestre de 2015, os dados da PNADC indicam que o aumento do desemprego foi causado majoritariamente pela queda da população ocupada, tendo sido reduzida a contribuição do aumento da população economicamente ativa (PEA). "Por outro lado, o aumento do desemprego não tem sido ainda mais intenso porque muitos trabalhadores têm tomado a iniciativa de se tornarem trabalhadores por conta própria", diz.

Os números mostram que a queda do número de trabalhadores formais e também de empregados sem carteira está sendo mais forte que a de ocupados, tendência que continuou sendo observada no segundo trimestre deste ano. De acordo com o Caged, entre abril e junho de 2016 foram encerradas mais de 226 mil vagas formais, além de outras 94 mil no mês de julho.

 

Rendimento

Na comparação com o trimestre anterior, o rendimento real médio não apresentou um desempenho tão ruim quanto à ocupação, apresentando uma queda de 1,5%. Entretanto, na comparação com o ano anterior, o rendimento real chegou a apresentar queda de mais de 4% neste segundo trimestre.

A PNADC mostra que a redução nos salários reais foi pior em setores que exigem menor qualificação, visto que nenhuma ocupação que exige apenas ensino fundamental mostrou sustentação na renda, resultado corroborado pelo fato de que a queda dos rendimentos foi mais forte entre aqueles que recebem menos que o salário mínimo.

Os rendimentos reais para quem recebe menos que o salário mínimo caíram cerca de 9% nos últimos 12 meses. Além desse grupo, apenas o trabalhador que ganha exatamente o salário mínimo não apresentou perda real de rendimento.

Segundo Carvalho, a queda generalizada nos rendimentos, somada à queda na ocupação, fizeram com que no trimestre entre maio e julho de 2016, a massa salarial se situasse em 175 bilhões de reais (em R$ de junho de 2016), mesmo patamar que se encontrava há três anos.

 

Manutenção da queda

"Devido ao cenário macroeconômico atual, é provável que se observe a manutenção da queda do nível de ocupação, visto que esta tem sido causada principalmente pelo menor número de admissões, e estas ainda não apresentaram sinais de recuperação", avalia. Para ele, se isso resultará em aceleração da taxa de desemprego, dependerá muito do comportamento da PEA. Mas, diz o especialista, se ela voltar a crescer como no primeiro semestre de 2015, o desemprego poderá subir no mesmo ritmo acelerado apresentado neste trimestre.

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