Zika atrapalha vendas externas de empresas brasileiras para a China
Como a exigência não faz parte de nenhum acordo oficial entre os países, as exportadoras brasileiras estão recorrendo a empresas privadas para obter o certificado. Indústrias consultadas pelo Estado não quiseram comentar o assunto, mas há informações de companhias que já gastaram cerca de R$ 1 milhão com o procedimento.
A exigência chinesa para que as indústrias realizem o processo de fumigação não é exclusiva para o Brasil. Empresas da Colômbia também são obrigadas a emitir o certificado, e o governo colombiano já enviou uma declaração ao governo chinês para tentar reverter a decisão.
Na carta enviada ao embaixador da China no país, o governo colombiano cita uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que não seja feita nenhuma exigência e restrição comercial aos países afetados pelo vírus.
Outra regra recente que pesa na conta dos exportadores, e que tem sido adotada em alguns portos, é o escaneamento dos contêineres (para verificar se o produto declarado está de fato sendo embarcado). O custo de cada escaneamento é de R$ 200 e é de responsabilidade do vendedor.
"Hoje, barreiras não tarifárias são mais prejudiciais aos produtores brasileiros do que a redução de tarifa de um produto", diz Carlos Eduardo Abijaordi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Entraves. Pesquisa feita pela CNI em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, ao todo, as empresas exportadoras brasileiras listam 62 entraves que dificultam suas exportações.
Numa escala que varia entre 1 a 5 de acordo com a gravidade do problema, os empresários apontaram o custo de transporte (3,61) como o principal problema. Na sequência apareceram as tarifas cobradas por portos e aeroportos (3,44) e a baixa eficiência governamental no apoio à superação das barreiras às exportações (3,23).
No topo da lista dos entraves também foram listadas a dificuldade para ofertar preços competitivos (3,11) e tarifas cobradas pelos órgãos anuentes (3,04). O câmbio - uma frequente reclamação dos empresários não apareceu nas principais reclamações e recebeu a pontuação de 2,83. "Se as exportações tivessem mantido o ritmo de crescimento de uns anos atrás, hoje portos e estradas não dariam conta da demanda", afirma Abijaordi. "É preciso privatizar e fazer mais concessões."
Para a GE, por exemplo, as deficiências em infraestrutura do Brasil obrigam a empresa a esperar mais tempo pelas turbinas que são recebidas para manutenção em Petrópolis. Com a estrutura precária do aeroporto do Rio, a empresa optou por escolher Viracopos, em Campinas, como centro de recebimento das peças. Isso faz com que a viagem que poderia ter 50 quilômetros de distância se estenda para 500 quilômetros. "Chegamos a conclusão que é melhor operar via Viracopos. A operação no Rio é um pouco complicada por causa da estrutura do aeroporto. Além disso, nem sempre todas as empresas aéreas operam no Rio", diz Gilberto Peralta, presidente da GE para o Brasil.
O estudo também confirmou a pouca internacionalização das companhias. Da amostra de 847 empresas consultadas para o estudo, 64,3% exportam para no máximo cinco países. Outras 20,6% exportam para entre seis e dez destinos, e 11,9% embarcam seus produtos para 11 a 30 países. Apenas 3,3% exportam para mais de 30 mercados.
As exportadoras do Brasil também sonham em alcançar destinos tradicionais. Os Estados Unidos (20,5%) lideram a lista dos principais países desejados. Na sequência estão Argentina (11,6%), Chile (7,1%), China (6%) e México (4,6%).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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