Participamos do

Não pague mais do que precisa

01:30 | Ago. 20, 2016
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
A compra de um imóvel, sendo um investimento de grande porte, requer cuidado na hora de planejar o pagamento. Em um financiamento, deve-se ser especialmente cuidadoso, principalmente para evitar pagar mais do que esperava.

 

Segundo Lúcia Mota, corretora do G8 Corretores de Imóveis, é obrigação da instituição indicar ao cliente com clareza todas as taxas que deverão ser pagas durante o financiamento, mas nem sempre isso acontece. Ela lembra que isso é mais proveitoso inclusive para o emissor de crédito, já que uma informação errada ou omitida pode fazer com que, quando o comprador for fechar o contrato, ele acabe desistindo por ter que arcar com um custo maior do que o esperado.


Um erro comum é pesquisar financiamento baseando-se apenas nas taxas de juros ofertadas, sem considerar o restante. Deve-se levar em consideração o Custo Efetivo Total (CET), que engloba também taxas administrativas, seguros e outros possíveis custos, equivalendo ao total que deverá de fato ser pago pela operação.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Robson Bizarria, vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Ceará (Sindimóveis-CE), reitera que nem sempre os juros menores são a opção mais barata. Ele conta que, na hora de financiar, é preciso levar vários aspectos em consideração: “Geralmente o que interessa ao comprador é se o crédito é aprovado. Precisa ter razoabilidade”, diz.


Também podem entrar na conta taxa administrativa, taxa de abertura de crédito, tarifa de confecção de cadastro, cobranças de seguros, Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e outros.


No caso dos seguros, como conta Lúcia, são obrigatoriamente cobrados apenas o de Danos Físicos ao Imóvel (DFI) e o de Morte e Invalidez Permanente (MIP). Caso o banco cobre outro além desses, o comprador tem direito de recusar. No caso de a instituição insistir na cobrança, os órgãos de defesa do consumidor podem ser acionados.


Pedro Jorge Viana, economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), lembra que é essencial fazer uma simulação do valor final que deverá ser pago pelo imóvel. “Não é bom comprar nada no escuro, sem saber as condições”, conta. Além disso, é mais fácil ter uma noção concreta do que sairá do bolso do comprador se ele visualizar isso de modo detalhado.


Despesas extras

Pedro Jorge lembra também que, além do dinheiro da compra em si, deve-se lembrar das despesas em cartório, como o custo da escritura e o do registro de imóveis. Além disso, o valor observado na ocasião da simulação pode mudar até o momento da assinatura do contrato. Some-se a isso à possibilidade de emergências e gastos adicionais – que muitas vezes são mais frequentes do que se imagina – e fica bem claro que é importante planejar o pagamento de modo que ele ainda fique confortável no bolso, inclusive com alguma quantia sobrando.(Anderson Cid, especial para O POVO)


"Geralmente o que interessa ao comprador é se o crédito é aprovado. Precisa ter razoabilidade"

 

ETAPAS


É preciso acompanhar o processo

Assim como em grande parte das operações envolvendo o mercado imobiliário, contar com a ajuda de um profissional qualificado pode poupar o comprador de complicações.

Lúcia Mota avalia que é papel do corretor acompanhar o cliente nesse tipo de situação e que idealmente continua até o final da operação. O acompanhamento dele pode inclusive fazer com que se acabe economizando mais do que se economizaria sem contratá-lo, conta.


Rivelino Martins Cavalcante, químico, não procurou esse acompanhamento quando comprou seu imóvel, em 2010. Ele, que atualmente está pagando as prestações do financiamento, conta que não se sentiu bem orientado pela instituição financeira durante o processo e diz que hoje queria ter feito o negócio com uma base maior sobre o assunto: “Você não está comprando uma roupa”.

 

DICAS


NÃO OLHE só para a taxa de juros. Há também outras taxas embutidas no pagamento e que podem fazer uma diferença sensível no longo prazo. Procure saber o Custo Efetivo Total (CET) do imóvel financiado para evitar desentendimentos.

 

PROCURE A AJUDA de um profissional. Um corretor que trabalha com compras está acostumado a lidar com esse tipo de situação e pode evitar que o comprador acabe pagando mais do que o necessário.

 

ACOMPANHE as mudanças. As taxas previstas na hora de consultar uma simulação de crédito podem diferir daquelas usadas quando já está para fechar o contrato, seja porque mudaram ao longo do tempo ou por particularidades de cada operação.

 

VEJA SE PRECISA do que está comprando. É comum que se coloque junto do financiamento outros serviços embutidos que não foram solicitados pelo comprador e que não são obrigatórios para a compra. Caso o comprador não os queira, a instituição não pode cobrar por esses serviços.

 

LEIA O CONTRATO do início ao fim. Nunca é demais lembrar que ler todas as cláusulas de um contrato é importante – principalmente em um negócio da proporção que tem a compra de um imóvel. Detalhes que passam despercebidos podem custar caro no bolso de quem compra.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente