Empresas que apostavam na alta do dólar correm para evitar prejuízos
Quando o mercado é inundado de dólares dessa forma, a tendência é que a moeda caia fortemente. Para segurar esse movimento, o Banco Central também entrou no mercado. Em dois dias, leiloou mais de US$ 13 bilhões em swaps cambiais, as maiores atuações desde 2005, quando começou a fazer leilões de swap.
Na prática, essa movimentação do BC fez com que o dólar permanecesse quase estável. Tirou assim a volatilidade do mercado e ainda evitou que as empresas perdessem mais dinheiro com a queda do dólar. Ontem, a moeda americana fechou cotada a R$ 3,4858, uma queda de 0,15%. Um executivo de um importante banco estrangeiro diz que sem o BC, na terça-feira, o dólar poderia teria batido em R$ 3,30.
De acordo com operadores de mercado, essa corrida não é feita por empresas que buscam "hedge" cambial, ou seja, proteção das variações do dólar. É um movimento típico de quem está apostando ou na alta ou na queda de um preço na bolsa, usando o que é chamado no mercado de "derivativo". Normalmente, são grandes empresas com experiência de atuação direta no mercado financeiro que operam dessa forma.
Um dos grupos que mais lucrou com o câmbio no ano passado foi o JBS, a maior empresa de proteína animal do mundo e dona da Friboi. Os ganhos superaram os R$ 10 bilhões, segundo informou em seu balanço, fazendo operações no mercado de dólar. Mas, com a mudança de rumo das cotações, essas mesmas operações, se mantidas, poderiam trazer prejuízos ao grupo.
Segundo relatório do banco Credit Suisse, no final de 2015 as posições em derivativos de dólar do JBS eram de US$ 12 bilhões. Como o dólar caiu de R$ 3,90 para R$ 3,56, caso tenha mantido a posição, somente no primeiro trimestre teria perdido R$ 5,1 bilhões. Se, no segundo trimestre, o dólar cair mais 10%, terá mais R$ 5,1 bilhões em perdas, segundo o banco.
De acordo com informação de algumas corretoras, por isso mesmo, o JBS foi um dos maiores responsáveis por essa movimentação. Procurada, a empresa disse que não comenta rumores de mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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