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Diretor-geral do ONS defende gastos extras e diz que faz 'gestão eficiente'

20:50 | Abr. 14, 2016
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O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, defendeu os gastos extras da instituição e criticou o parecer técnico elaborado pela área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aponta uma série de irregularidades e uso indiscriminado de recursos do orçamento do ONS por seus administradores.

Hermes Chipp declarou que o ONS tem feito a "gestão mais eficiente" que julga adequada e que o parecer da Aneel não é conclusivo, porque ainda não analisou todos os argumentos da instituição.

"Gestão eficiente está na cabeça de cada um. Se você não escrever, cada um vai fazer a gestão que acha mais eficiente. O nosso processo é muito fiscalizado, quer dizer, essas coisas são muito pequenas, não são irregularidades. Se a Aneel disse não faz, não faz", disse Hermes Chipp, que nesta quinta-feira, 14, participou de um evento do setor elétrico, em Brasília.

Segundo o diretor-geral do ONS, o relatório da Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira (SFF) da Aneel "é a primeira avaliação de dois ou três fiscais" da agência, sendo ainda "inconcluso" e "muito preliminar". Chipp criticou ainda o trabalho feito pelos técnicos da agência. "Quando não tem uma regra definida em procedimentos e determinações da Aneel, você faz a gestão mais eficiente que acha que deve fazer. E aí tem equívocos enormes, feitos por fiscais que vão ao ONS, fazem questionamentos e depois têm seu veredicto. Isso vai para Aneel, para a superintendência, para a diretoria. Nós somos chamados, recebemos termo de notificação e justificamos", afirmou.

Reportagem publicada na terça-feira pelo jornal "O Estado de S. Paulo" revelou detalhes do relatório. No documento de 163 páginas, os técnicos da agência apontam uma série de irregularidades nos gastos do orçamento do ONS por seus administradores. Com o dinheiro da tarifa de conta de luz, gestores do órgão bancaram roupas de lojas de grife, almoços frequentes em restaurantes de luxo, lanchinhos diários e sucessivos abastecimento de tanques de combustível nos fins de semana. São diversos os casos de mais de uma lavagem de carro em menos de 24 horas e abastecimento de carros em quantidade superior à capacidade do tanque do veículo. Há ainda, segundo o parecer, pagamentos indevidos de taxas de aluguel.

Roupas

Hermes Chipp criticou a divulgação das informações. "A divulgação é, inclusive incompleta, não sei com que intenção, mas é incompleta. Quando fala daqueles ternos, aqueles ternos são dos operadores, 68 operadores, e a gente compra com licitação. A gente tem uma fiscalização muito rigorosa, não só da Aneel. Nós, para aprovarmos um orçamento, ele passa por uma comissão do conselho de administração, conselho fiscal, depois encaminhado à Aneel, colocado em audiência pública e só então é aprovado", disse.

Chipp também defendeu a rotina de gastos com restaurantes caros. "Restaurante é uma coisa assim, tão pequena, vocês viram lá os valores, é um prêmio", disse Chipp. "A gente tem um valor na organização que é reconhecer. Ontem mesmo entreguei os prêmios. Vários projetos são colocados, que a gente tem no nosso planejamento estratégico", comentou. "Então, a gente premia os empregados com almoço, para celebrar o prêmio que eles ganharam. Isso vem desde 2010. Ora, se a gente não puder fazer pelo menos isso, pelo amor de Deus."

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, disse que houve "falha" na divulgação do relatório e que a diretoria da agência colherá informações do ONS, para então emitir seu parecer.

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