Setor de autopeça prevê mais 8 mil demissões neste ano
Hoje o setor emprega 164,9 mil pessoas, o menor contingente em 25 anos, de acordo com dados disponíveis no relatório anual do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
O investimento das empresas do setor, de US$ 622 milhões, foi 55% inferior ao de 2014 e este ano deve ser ainda menor, US$ 575 milhões. O faturamento nominal recuou 17,7%, para R$ 63,2 bilhões e a perspectiva para 2016 é de estabilidade.
Diversas empresas, especialmente de pequeno porte, são as mais afetadas pela crise. Em São Paulo, a Metalúrgica Cartec, uma das 40 mil fabricantes de autopeças do Estado, informa que em quatro anos seu faturamento encolheu pela metade. "Em 2011, eu produzia por mês 170 mil peças; agora, faço no máximo 90 mil", diz o presidente, Valter Kwast.
O faturamento da empresa, que produz tubos de alta pressão para motores a diesel e componentes de injeção de combustível para caminhões, ônibus e tratores, hoje é de R$ 3,5 milhões por mês, 50% da receita há quatro anos.
A Cartec demitiu 20 funcionários em janeiro, 10% da sua mão de obra. "No ano passado a gente fechou acordo com o sindicato de redução de jornada. Agora, vamos propor trabalhar uma hora mais por dia e dispensar o pessoal cinco horas antes na sexta-feira. A ideia é economizar com uma refeição e reduzir em 5% os gastos com energia."
Para Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria, as perspectivas são sombrias para o setor. "Quando a montadora diz que caiu a produção em quase 30%, o pequeno fabricante de autopeça teve uma redução, na maioria das vezes, maior que isso."
Reposição
O contraponto para o momento, no entanto, fica para as fabricantes voltadas para o mercado de reposição. "Esse é um mercado que tende a reagir bem sempre que há queda de carros novos, aumentando o interesse nos usados", afirma Couri. "O problema é que o comércio, aqui, é cheio de distribuidores pequenos. A empresa tem de se acostumar e se adaptar a vender 10 peças para um, 30 para outro e por aí vai."
Em Guarulhos, o empresário Ancelmo Lopes, que desenvolve linhas para suspensão de automóveis, conta que a procura por seus produtos cresceu cerca de 20% em comparação ao ano passado. "O dólar mais alto fez com que nosso produto ficasse mais barato que o asiático. A situação melhorou", diz ele, que produziu em janeiro 120 mil peças, ante 80 mil por mês no 1.º semestre de 2015. "Com a situação favorável, investi R$ 1 milhão em uma nova linha", diz Lopes, que acaba de contratar dez funcionários. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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