Argentina quer exportar até 4 milhões de t de trigo para o Brasil em 2016
O presidente da Faim reconheceu que boa parte do trigo colhido na temporada 2015/16 não atingiu o padrão de qualidade exigido pela indústria de panificação. "Colhemos um volume considerável de baixa qualidade, que impediu que expandíssemos as vendas para mercados mais exigentes", admitiu. A partir de agora, contudo, produtores do país veem a possibilidade de investir mais nas lavouras do cereal, com sementes de melhor qualidade, fertilizantes e defensivos, já que a desvalorização do peso em relação ao dólar tende a trazer melhor remuneração para os exportadores do país vizinho. A produtividade das lavouras será um dos resultados dessa mudança. No ciclo 2016/17, deve aumentar ligeiramente em relação à média de 3,2 quilos por hectare colhidos na temporada atual.
Mas o principal resultado almejado com a maior aplicação de tecnologia no campo, segundo Cifareli, é a colheita de um trigo com maior qualidade do que a obtida na safra 2015/16. Ele enfatizou que a associação vem trabalhando junto com os produtores para promover uma mudança nas prioridades e direcionar as atenções às demandas da indústria consumidora. "Agora, mais importante do que o produtor pensar no quanto quer vender, é olhar para o mercado e o que ele demanda", explicou.
Cifareli estima que, na temporada 2016/17, cujo plantio começa a partir de maio, os produtores argentinos devem expandir a área cultivada com o cereal entre 20% e 30% em relação aos cerca de 3,6 milhões de hectares atuais, para uma área de 4,2 milhões a até 4,5 milhões de hectares. A produção, que na temporada 2015/16 chegou a 11 milhões de toneladas de trigo, em 2016/17 pode alcançar de 15 milhões a 16 milhões de toneladas, das quais entre 5 milhões e 7 milhões tendem a ser exportados - a maior parte, para o Brasil. "Vamos alcançar uma produtividade igual ou maior que a atual, mas seguramente uma colheita com qualidade muito superior", afirmou o presidente da Faim.
Apesar de dar prioridade ao Brasil como parceiro de negócios, os produtores argentinos querem recuperar a relevância que já ocuparam no mercado internacional do cereal. "A Argentina precisa se lembrar do esplendor que o setor do trigo teve em outras épocas, tanto em volume como em qualidade. Nosso mercado é o mundo, com trigo, farinhas, massas, biscoitos e produtos qualificados; vai além do abastecimento do mercado", afirmou.
A associação planeja abrir novos mercados, em especial na América Central e na África. No primeiro caso, um dos alvos é Cuba, que nos últimos anos passou a consumir farinha da Turquia e da França. No continente africano, os argentinos querem recuperar espaço em Angola e explorar negócios na África Subsaariana. O retorno de maior fôlego do trigo argentino ao mercado internacional não deve pressionar as cotações da commodity, na visão de Cifareli, porque a produção do país ainda é pequena comparada à oferta mundial.
O país tampouco deve oferecer grandes riscos aos produtores gaúchos que planejam direcionar parte de sua produção de trigo não panificável para a exportação. "O principal mercado do setor na Argentina é o trigo pão. Hoje o trigo de baixa proteína é responsável por cerca de 30% da produção nacional, mas a ideia é retomar a participação histórica de 5% a 10% da colheita do país", explicou. Segundo Cifarelli, a Argentina exportou aproximadamente 2 milhões de toneladas de trigo de baixa proteína em 2015.
Mercado
Nesta semana a comercialização foi lenta e pontual no mercado interno e os preços não oscilaram em relação ao observado desde janeiro. Em Curitiba houve oferta de R$ 800 por tonelada colocada no moinho e no norte do Estado do Paraná, de R$ 780 a R$ 800 na mesma condição. Mas os vendedores têm pedido entre R$ 760 e R$ 800 por tonelada FOB e, dessa forma, as negociações ficam paralisadas. Segundo corretor local, moinhos não têm relatado importação do cereal e dizem que as vendas fracas de farinha reduzem a demanda pelo produto.
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