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Economistas mostram cautela após decisão do BoJ de adotar juro negativo

10:05 | Jan. 29, 2016
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Vários economistas divulgaram avaliações sobre a decisão tomada nesta sexta-feira pelo Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) de cortar a taxa de depósito de 0,1% para -0,1%. Após a ação inédita da instituição, as bolsas asiáticas reagiram positivamente, porém analistas ponderam quais podem ser os resultados da política do BoJ.

"Muito dificilmente isso terá qualquer impacto positivo sobre a economia e provavelmente não atingirá seu principal objetivo de enfraquecer o iene", afirmou Simon Ward, economista-chefe da Henderson Global Investors. Segundo ele, em vez de encorajar bancos a afrouxar os requisitos para empréstimo, a medida do BoJ mais provavelmente deve ser interpretada como um sinal negativo para as perspectivas da economia e "uma evidência de desespero do BoJ", o que pode gerar uma maior aversão ao risco, não o contrário.

Na opinião de Taisuke Tanaka, estrategista-chefe de câmbio da Deutsche Securities em Tóquio, é cedo para dizer se a ação do BoJ levará ao enfraquecimento do yuan ante o dólar. O economista disse que "é óbvio" que a ação do BoJ não possui o impacto necessário para acabar com o cenário de aversão ao risco na economia global e nos mercados financeiros.

O gerente de investimentos da Aberdeen Asset Management, Luke Bartholomew, afirmou que o corte na taxa de juro não deve gerar um grande efeito sobre a economia japonesa em breve. Segundo ele, em um momento no qual as taxas já estão tão baixas, a política monetária fica mais concentrada na sinalização e na credibilidade. "Neste quadro, o Banco do Japão pode ter causado a si mais mal que bem", disse Bartholomew, ao citar o fato de que o BoJ não havia sinalizado a possibilidade de levar a taxa de juros para território negativo. Para o economista, o presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, "precisa aprender que se você irá chocar os mercados é melhor fazer isso por uma causa que valha a pena".

Analistas disseram que a decisão do BoJ deve tornar o ambiente mais desafiador para os bancos japoneses. Os depósitos no BC aumentaram nos últimos anos, com os bancos locais tendo dificuldade para encontrar opções atraentes para empregar esse montante, diante de um cenário doméstico fraco para empréstimos. Porém o analista Kiyoko Ohora, da Standard & Poor's, disse não prever um impacto imediato grande na rentabilidade dos bancos. Na opinião de Ohora, os bancos japoneses podem buscar ativos estrangeiros, mas poderiam também aceitar assumir mais riscos. O diretor de ratings de bancos do norte da Ásia da Fitch Ratings, Jonathan Cornish, ponderou que será preciso ainda saber se os bancos japoneses usarão seus fundos para emprestar mais ou se colocarão o dinheiro apenas em entidades dignas de mais crédito. Cornish acredita que a medida do BoJ deve elevar apenas de maneira bem modesta o risco assumido pelas instituições.

O gerente chefe de fundos do Mitsubishi UFJ Kokusai Asset Management, Kuji Uchida, por sua vez, considerou positivo o fato de que o BoJ manteve a opção de comprar mais ativos - o BC japonês não alterou hoje o montante dessas compras. "Se houver maior incerteza no sistema financeiro global e eles não tiveram mais opções, isso seria um problema", disse Uchida.

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