Financiamento imobiliário no Brasil deve desacelerar, avalia a Fitch
A Fitch lembra que, pelas regulações bancárias brasileiras, no mínimo 65% do dinheiro depositado nas cadernetas precisa ser direcionado para as hipotecas ou empréstimos relacionados ao setor imobiliário. Com a taxa básica de juros (Selic) em alta, chegando em abril a 13,25%, os rendimentos das poupanças diminuem e levam investidores a retirar seu dinheiro, buscando retornos maiores em outras modalidades de investimento. A agência espera que continue acontecendo essa pressão sobre os depósitos, já que a taxa de juros seguirá alta, apesar dos maiores esforços de marketing dos bancos para atrair clientes.
No primeiro trimestre deste ano, houve uma retirada líquida de cerca de R$ 23 bilhões das poupanças no Brasil. No mesmo período de 2014, havia ocorrido uma entrada líquida de cerca de R$ 4,5 bilhões, observa a agência.
A Fitch aponta que, entre os maiores bancos do varejo, a Caixa é o mais afetado. O banco estatal tem a maior fatia de mercado no setor de financiamento imobiliário, de 68%, e também a maior fatia dos depósitos em poupança, com quase 36% desse mercado. Na semana passada, a volatilidade dos depósitos nas poupança levou a Caixa a reduzir seu limite de financiamento para imóveis usados para entre 40% e 50% do valor total do imóvel, de um nível anterior de entre 70% e 80% - as taxas dependem do tipo de financiamento e do método de amortização do empréstimo.
Em relação a outros grandes bancos brasileiros, a Fitch afirma que os depósitos em poupança representavam aproximadamente 13%, em média, do financiamento total no Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. "Portanto, espera-se que esses bancos gerenciem uma forte desaceleração nos depósitos em poupança mais facilmente", aponta a agência.