Demanda se retrai e desembolso do BNDES ao setor de cana deve fechar ano em queda
"O crédito do BNDES passa por bancos intermediários e acaba não liberado, pois todo mundo sabe que a situação das usinas é crítica, com endividamento grande", disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Tarcilo Rodrigues, diretor-executivo da comercializadora de etanol Bioagência, em referência aos vários requisitos que as empresas precisam cumprir para conseguir o dinheiro.
Em dificuldades desde a crise do crédito de 2008, as unidades produtoras viram os problemas se agravarem neste ano em virtude da seca que reduziu a disponibilidade de matéria-prima para processamento, impactando nos rendimentos de todo o setor. O endividamento estimado para as usinas e destilarias do Centro-Sul, a região mais afetada pela seca, é de R$ 65 bilhões na atual safra, R$ 10 bilhões superior ao total de dívidas do ciclo passado, que terminou em março.
Para o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool/MT), Jorge dos Santos, o desembolso neste ano também reflete a maturação de investimentos feito por usinas em anos anteriores. "Aquelas que tinham competência já concluíram seus projetos e agora não conseguem mais, para não elevar o endividamento", explicou.
O desembolso do BNDES em 2013, de R$ 6,9 bilhões, foi o maior desde 2010, quando o banco financiou R$ 7,6 bilhões. Em outubro último, durante evento em São Paulo, o chefe do Departamento de Biocombustíveis da instituição, Carlos Eduardo Cavalcanti, disse que os recursos deveriam superar os R$ 7 bilhões em 2014. Procurada pelo Broadcast, a assessoria de imprensa do banco disse que não havia porta-voz no momento para comentar o assunto. Os dados fechados deste ano serão apresentados pelo BNDES em janeiro, mas ainda sem data definida.
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