Ferrovia inaugurada em maio continua sem carga
O trecho será o primeiro a ser operado segundo o novo modelo ferroviário brasileiro, lançado em 2012 com o Programa de Investimentos em Logística (PIL). Desde os anos 1990, as ferrovias brasileiras funcionam num esquema em que a concessionária da linha é também dona da carga que passa por ela. O modelo novo permite que qualquer empresa transporte carga em todas as linhas. Para tanto, a companhia precisa adquirir a capacidade de carga, que será comercializada pela Valec.
Essa figura do transportador sem linha, ou Operador Ferroviário Independente (OFI), não existia no País. Essas empresas estão em formação e ainda há insegurança sobre a regulação do novo modelo. Mas são elas as principais candidatas a utilizar o novo trecho da Norte-sul. Daí a demora no início das operações. Em agosto, a Valec tentou vender a capacidade de carga da ferrovia no trecho inaugurado por Dilma. Surgiu apenas uma empresa interessada, cujo nome é mantido em sigilo pela Valec.
Essa única candidata condicionou sua oferta ao esclarecimento de um ponto técnico importante: como ficaria a operação de seus trens no segmento mais antigo da Norte-sul, entre Porto Nacional e Imperatriz (MA), que desde 2007 funciona como uma subconcessão da Vale. Nele, a concessão é pelo modelo "antigo".
Revenda
Para atender a essa condição, a Valec entrou em negociações com a concessionária. A estatal quer adquirir a capacidade ociosa de carga no trecho administrado pela Vale e revendê-la à empresa interessada em operar no trecho até Anápolis. Assim, a nova operadora de carga terá garantia de que poderá passar na ferrovia ao norte de Porto Nacional.
Paralelamente, a Valec reabriu a oferta pública para outros interessados no trecho "novo" de Porto Nacional a Anápolis. As interessadas terão seis meses para se apresentar. Mas, segundo a estatal, já há uma candidata inscrita. Ocioso, o trecho oferecido sofreu depredações e desgaste, conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em agosto. Uma vistoria feita pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) constatou que havia dormentes "inservíveis" e que, em alguns trechos, até os trilhos haviam sido roubados.
Questionada sobre se os reparos já haviam sido concluídos, a Valec informou que não seriam consertos, mas "obras complementares para conclusão de detalhes dos contratos de construção originais". Foram celebrados quatro contratos desse tipo, segundo a estatal. Desses, um já foi concluído e outros três têm previsão de término em fevereiro próximo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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