Fipe: alta em alimentos dificulta cumprimento de meta
"Ainda tenho a expectativa de que é factível ficar abaixo do teto da meta este ano. No entanto, eu acho que o governo vai ter um certo trabalho nos próximos meses", comentou Chagas. A meta perseguida pelo Banco Central pelo IPCA é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.
O IPCA acumulou entre janeiro e setembro uma alta de 4,61%. Nos últimos 12 meses até setembro, o indicador do IBGE atingiu o nível de 6,75%, o maior desde outubro de 2011, quando alcançou a marca de 6,97%.
A afirmação de Chagas foi realizada um dia após o conhecimento dos dados de setembro do IPCA e no mesmo dia no qual a Fipe divulgou o IPC da primeira quadrissemana de outubro. No período, o indicador paulistano registrou inflação de 0,32% ante uma taxa de 0,21% no encerramento de setembro.
O grande destaque do IPC da primeira quadrissemana de outubro foi exatamente o grupo Alimentação, que subiu 1,11% (ante 0,72%) e respondeu por 0,25 ponto porcentual (80,32%) de toda a taxa de inflação do período. Para Chagas, o comportamento do grupo simplesmente está confirmando o que se esperava, após seguidas reduções.
Entre os destaques da Alimentação na primeira medição de outubro do IPC, o subgrupo Semielaborados subiu 2,90% contra avanço de 2,78% da leitura anterior e contou com as altas do frango (6,25%) e da carne bovina (3,80%) como principais elementos de pressão. Outro subgrupo que chamou a atenção foi o de Produtos In Natura, que apresentou variação positiva 0,69%, deixando o terreno negativo do fim de setembro, quando recuou 0,78%.
A parte In Natura, por sinal, é a que desperta maiores dúvidas, sempre em virtude da tradicional volatilidade dos itens componentes. Na primeira quadrissemana, o destaque deste subgrupo foi o segmento de Frutas, cuja alta foi de 3,35% contra aumento anterior de 2,65%. Também as Verduras saíram de uma baixa de 0,61%, no fim de setembro, para um avanço de 1,61% no começo do mês seguinte.
Quanto aos Legumes, o cenário ainda é de quedas no IPC da Fipe, mas elas já começam a ficar menos intensas. Na primeira leitura de outubro, o segmento recuou 2,31% ante baixa de 5,44%.
Uma informação preocupante entre os Legumes está ligada a um item que atormentou os preços em 2013, o tomate, que tem um peso importante atualmente na inflação e que tem um preço que costuma ser facilmente influenciado pelas mudanças de clima. Segundo Chagas, o item já dá sinais de altas nos levantamentos mais recentes da Fipe que ainda serão incorporados ao IPC. Entre o fim de setembro e o começo de outubro, o tomate já passou de uma baixa de 10,09% para uma variação negativa de 5,21%.
Se, para o IPCA, Chagas vê aumento nas dificuldades para a taxa ficar abaixo do teto da meta, para o IPC-Fipe, as perspectivas são mais tranquilas. Ele continua trabalhando com uma projeção de taxa de 5,5%, com viés de baixa, enquanto o indicador acumulou na capital paulista uma alta de 3,79% entre janeiro e setembro e uma taxa de 5,45% no acumulado de 12 meses. Especificamente para o mês de outubro, o coordenador aguarda uma alta de 0,42%, inferior ao resultado efetivo de 0,48% do mesmo período do ano passado.
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