Anfavea: América do Sul será foco de vendas automotivas
Moan explicou que o setor automotivo está trabalhando com o governo para elaborar uma agenda de negociações comerciais já no segundo semestre de 2014. A primeira reunião, informou, deve acontecer com a Colômbia. Segundo ele, a ideia é aprofundar o acordo vigente, para aumentar a atual redução, de aproximadamente 50%, nas tarifas de exportação entre os dois países, que faz com que a tarifa de comércio entre eles fique em torno de 17%. Entre o final de setembro e o início de outubro, ele afirmou, o governo brasileiro deve se reunir com o México para tentar fechar um acordo.
"A ideia é que o setor privado esteja junto com o governo nessas negociações", afirmou em entrevista, após comandar workshop sobre a evolução da indústria automobilística brasileira. De acordo com ele, esses acordos envolverão vários setores e vai depender do governo federal a "intensidade" da participação do segmento automotivo. Especificamente no setor de máquinas agrícolas, Moan afirmou já estão "bastante encaminhadas" as conversas para um acordo do Brasil com a África. "Semana passada, o governo do Quênia esteve no Brasil", comentou, sem dar muitos detalhes sobre o acordo.
Durante a palestra, o presidente da Anfavea afirmou que o setor automobilístico chegou "ao fundo do poço" no primeiro semestre do ano, mas deve seguir em ritmo de recuperação a partir de agora. Entre outros motivos, porque o período é tradicionalmente melhor e pelo aumento de financiamentos com o BNDES, que apresentaram queda nos primeiros meses de 2014. Segundo ele, a perspectiva para o setor no segundo semestre deste ano é "muito melhor" do que no primeiro. "Em agosto não conseguiremos bons resultados, mas em setembro e outubro seremos melhores", afirmou.
Para 2014, Moan prevê fechamento em queda em torno de 5,4% nas vendas em relação a 2013. "Isso significa que, para alcançar esse resultado, teremos que crescer no segundo semestre sob o primeiro a uma taxa de dois dígitos", ponderou. Ele avaliou que o "choque de liquidez" na economia dado pelo Banco Central com a liberação dos compulsórios, mesmo que não direcionado ao setor, é "extremamente saudável" e deve contribuir para a melhora nas vendas. "Temos convicção de que a curva de retomada foi atingida e, sem dúvida, teremos 2015 melhor que 2014", afirmou, ponderando que o primeiro quadrimestre do próximo ano deve ser "complicado", em razão dos ajustes necessários que o novo governo terá de fazer.
Moan avaliou que, com a crise na Argentina, a exportação de veículos prontos brasileiros deve diminuir, mas a um ritmo muito menor do que a queda das vendas de automóveis argentinos. Ele fez questão de lembrar que, mesmo com os problemas no país vizinho, de janeiro a junho o setor automotivo brasileiro tem balança comercial com a Argentina com superávit, uma vez que exportou R$ 3,7 bilhões e importou R$ 3,6 bilhões. Em sua fala, ele defendeu também um novo programa de modernização das fábricas e renovação das máquinas industriais e um programa de incentivo a renovação da frota de caminhões. Segundo ele, é preciso implantar uma política automotiva, com projeções e regras para o setor até 2030.
O presidente da Anfavea avaliou ainda como positivo para o setor o anúncio de investimento de R$ 6,5 bilhões pela General Motors (GM) no Brasil até 2018. Para ele, esse anúncio em plena crise de confiança dos empresários significa que o setor montador acredita no mercado brasileiro. De acordo com ele, antes mesmo do anúncio da GM um levantamento da Anfavea contabilizava quase R$ 76 bilhões em investimentos do setor montador no Brasil até 2018. "Ninguém faz investimento desse tamanho se não acredita no potencial do mercado", afirmou.
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