MCM:demora do Copom sugere que BC não está 100% convicto
O economista fazia parte da corrente dominante dos analistas do mercado financeiro que, segundo levantamento do AE Projeções, aguardava exatamente a manutenção da Selic no nível de 11% ao ano. De acordo com a sondagem do serviço especializado do Broadcast da Agência Estado, 76 de 85 casas trabalhavam com este cenário.
Para Fernando Genta, a manutenção do termo "neste momento" no curto comunicado da decisão também mostra que o Copom não fechou totalmente a porta para novas altas nos juros. "É consistente com o quadro atual de inflação ainda elevada, a despeito da desaceleração na margem", comentou, lembrando que, pelos cálculos da MCM, a inflação em 12 meses deve chegar próxima a 7% em julho e agosto. "De toda forma, vejo com pouca probabilidade qualquer mudança de juro de agora em diante. Não vejo fatos novos não contemplados já no cenário atual", ressaltou.
Para o economista-chefe da MCM, a demora na reunião do Copom e o termo "neste momento" deverão ser fatores abordados pelo mercado financeiro amanhã. "Certamente serão comentados", avaliou. "Acho que a curva de juro pode subir um pouquinho em função do BC", complementou.
Porta aberta
Na avaliação do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, em uma reunião de mais de quatro horas, o Copom fez o que o mercado esperava, ao manter a Selic estável em 11%. Mas, ao usar o termo "neste momento" no comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central deixou a porta aberta para novas ações, inclusive no curto prazo, e, de alguma forma, não sugere o fim do ciclo. Para ele, os juros futuros devem ficar voláteis no pregão de amanhã, devido à surpresa com o uso do termo citado acima.
"Após a forte queda de hoje dos juros longos, poderíamos ver alguma alta. No entanto, ao deixar a porta aberta, o Copom pode ser visto como um pouco mais 'hawkish' do que se imaginava, o que pode provocar a alta do juro com vencimento em janeiro de 2015", pontuou Serrano. "Mesmo porque, ao usar o 'neste momento' e afirmar que acompanhará a 'evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação', o BC pode voltar a subir o juro a qualquer momento", completou.
De acordo com o economista do Besi, o Banco Central, ao usar o termo "neste momento" no curto comunicado da reunião, "criou uma válvula de escape para subir, se for necessário, inclusive no curto prazo".
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