Para empresas, valor pago no Minha Casa reduz qualidade
Especialistas afirmam que, para atender ao padrão mínimo exigido pela norma, as construtoras gastarão mais porque não poderão economizar em dois itens, geralmente relegados em projetos de habitação popular: o projeto arquitetônico e a qualidade dos materiais. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Simão, diz que o reajuste é necessário para dar condições às empresas de investir em tecnologia e contratar projetos mais detalhados.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Haroldo Pinheiro, diz que os profissionais devem ficar mais atentos com a responsabilidade ao produzir projetos do programa. "As construtoras não poderão mais entregar apenas desenhos técnicos, projetos esquemáticos, somente com informações básicas, com o único intuito de receber a autorização das prefeituras."
Segundo Pinheiro, as regras deveriam ser aplicadas mesmo antes de a norma entrar em vigor, mas a realidade mostra que a maioria dos imóveis de programas de habitação popular não as cumpre. Os projetos deveriam custar 5% do valor do empreendimento. Mas, para baixar o custo, os empreiteiros costumam pagar até menos de 1%.
"Se quer qualidade nos empreendimentos, o governo tem de ceder na questão do aumento", diz Roberto Kauffmann, presidente do Sinduscon-Rio. Como exemplo de critérios de qualidade da norma que ainda não estão sendo colocados em prática no programa, ele cita as questões de isolamento térmico e acústico, além de critérios de sustentabilidade. Um dos poucos consensos entre o mercado e o governo é a necessidade de melhorar a qualidade dos imóveis para aperfeiçoar o desempenho acústico e térmico das moradias. No caso do isolamento acústico, são comuns as reclamações dos beneficiários. Para cumprir os critérios da norma, é preciso fazer uma adequada isolação nas fachadas, coberturas, entrepisos e, principalmente, paredes de geminação.
O ruído gerado, por exemplo, pelas crianças no playground e música alta são causas de desentendimentos e estresse nos condomínios. Para Raquel Ribeiro, da Cbic, além de proporcionar mais qualidade aos imóveis, a norma também traz segurança jurídica às construtoras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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