Montadoras elevam corte na produção
Com as férias, fica suspenso um dos dois turnos da linha de produção dos modelos Bravo, Doblò, Idea e Linea. Ao todo, 2.400 unidades deixarão de ser fabricadas no período.
Além da queda de vendas no mercado interno, a redução das exportações para a Argentina, destino de quase 13% da produção brasileira de veículos, é outro fator que leva a indústria a cortar produção.
Na terça-feira, 15, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reuniu em São Paulo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luis Moan, para tratar do assunto.
"É uma questão de prioridade para o setor", disse Moan. Ele também levou ao ministro as preocupações sobre a situação atual do mercado. Afirmou, porém, que a nova alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), prevista para julho, não foi abordada.
Moan afirmou que a entidade apresentou propostas para o memorando assinado no fim de março entre os governos brasileiro e argentino, que prevê uma linha especial de crédito aos argentinos para destravar o fluxo de comércio entre os dois países.
Segundo ele, o setor propõe três possibilidades de financiamento: via bancos regionais, bancos estrangeiros e autofinanciamento. Nos próximos 15 dias haverá outra reunião para finalizar a proposta.
Desde fevereiro, 11 montadoras de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, de um total de 20, anunciaram ações para reduzir a produção, como férias coletivas, suspensão temporária de contratos de trabalho e programa de demissão voluntária (PDV).
O mercado apresentou melhora de 10,9% nas vendas na primeira metade do mês em relação a março, mas queda de 10,3% na comparação com abril de 2013, com 140,9 mil veículos licenciados até o dia 14. No acumulado do ano, as vendas estão 3,4% abaixo do resultado do mesmo período do ano passado, com 953,7 mil unidades.
Decepcionante
Ontem, durante a inauguração de uma fábrica da Nissan em Resende (RJ), o presidente mundial da aliança Renault/Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, classificou o crescimento econômico do País nos últimos anos como "decepcionante", atingindo até mesmo o pujante setor automobilístico, cujo mercado poderá amargar uma estagnação nas vendas de 2014 e 2015. "Serão dois anos de crescimento muito pequeno."
Sobre a nova fábrica, o executivo afirmou: "Não estamos investindo para os próximos seis meses, mas para os próximos dez anos".
Para Ghosn, o incentivo à demanda do mercado por meio da redução do IPI tem efeito no curto prazo, mas não a longo prazo. Citou que a carga de impostos sobre um carro no Brasil pode ficar entre 40% e 45% do valor, dependendo do cálculo. "Não tem nenhum país que eu conheça com essa carga tributária. A longo prazo, seria bom que essa carga fosse mais baixa". Colaborou Francisco Carlos de Assis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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