Dia Nacional dos Surdos: acessibilidade na comunicação tem aumentado

Dia 26 de setembro é conhecido no Brasil como o Dia Nacional dos Surdos. A data foi instituída por uma lei de 2008 e visa conscientizar sobre a importância da inclusão das pessoas surdas na sociedade.

A data foi escolhida porque foi em 26 de setembro de 1857, no Rio de Janeiro, que a primeira escola para surdos no país foi inaugurada: o Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

Em entrevista ao O POVO, o professor de Libras, pedagogo bilíngue e youtuber Lauro Neto avalia que a acessibilidade na comunicação tem aumentado. Neto também destaca a garantia de educação de qualidade para crianças surdas, com a presença de professores surdos, e a inclusão no mercado de trabalho com alguns dos principais desafios para a comunidade.

Dia Nacional dos Surdos entrevista com Lauro Neto 

O POVO - Quais são os desafios que você enfrenta diariamente sendo uma pessoa surda?

Lauro Neto - Uma das maiores barreiras é a comunicação. Pessoas surdas podem ter dificuldades para se comunicar com pessoas que não conhecem a língua de sinais ou não usam técnicas de comunicação acessíveis, como escrever em português, pois algumas palavras podem ser difíceis para quem é surdo.

O acesso a informações em formatos acessíveis, como legendas em vídeos, intérpretes de Libras ou documentos em formato acessível, é um desafio constante.

A falta de acessibilidade em eventos sociais e culturais também é uma dificuldade, já que muitos locais não chamam intérpretes de Libras, pois dizem que não tem dinheiro disponível para pagar os profissionais.

OP - O que mais te marca, positiva ou negativamente, por ser surdo?

Lauro Neto - Infelizmente, a história no Brasil é muito difícil. No país, muitas pessoas não sabem nada de Libras.

Minha família teve muitas dificuldades, pois eu sou surdo e no início a nossa comunicação era complicada. Sinto que estou sozinho.

Isso pode incluir obstáculos ao acesso ao serviço, à educação de qualidade. Atualmente, minha mãe e minha tia estão aprendendo Libras e conversando comigo. É muito importante projeto da Escola de Libras no Brasil. 

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OP - Qual a importância de ter um mês (Setembro Azul) e o Dia Nacional dos Surdos para a comunidade surda?

Lauro Neto - O Setembro Azul e o Dia Nacional dos Surdos são momentos de conscientização sobre as questões enfrentadas pela comunidade surda, incluindo a luta por direitos, igualdade de respeito e acessibilidade.

Essas datas ajudam a sensibilizar o público em geral para as necessidades e desafios das pessoas surdas, além de girarem em torno de causas comuns. Isso fortalece os laços dentro da comunidade e cria um senso de pertencimento.

OP - Você percebe melhorias para quem é uma pessoa surda no Brasil?

Lauro Neto - Em 2015, o Brasil aprovou a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Essa legislação reforça os direitos das pessoas com deficiência, incluindo as pessoas surdas, e estabelece diretrizes para a promoção da inclusão e acessibilidade.

O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas escolas e nas universidades facilita a comunicação e o acesso à educação para estudantes surdos. Também a presença de intérpretes de Libras nas salas de aula e o respeito à comunidade surda na escola no Ceará.

O mais importante é que a acessibilidade na comunicação tem aumentado. Isso levou à disponibilidade de legendas em programas de televisão, vídeos online e serviços públicos, bem como ao uso de intérpretes de Libras em transmissões ao vivo.

OP - Quais são os principais objetivos da comunidade surda para promover a igualdade de direitos e oportunidades?

Lauro Neto - Uma das pautas mais importantes são as crianças surdas terem acesso a uma educação de qualidade, e isso inclui a presença de professores surdos de ensino adaptados e escola bilíngue, que atendam às necessidades específicas dos alunos surdos no Brasil.

A inclusão no trabalho também é fundamental. Isso envolve a eliminação de barreiras de emprego e a criação de oportunidades iguais para pessoas surdas e ouvintes, para que a comunidade surda possa ter carreiras bem-sucedidas em diversas áreas.

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