O 'otimismo' de um preso no Texas após 27 anos no corredor da morte

Hank Skinner está no corredor da morte no Texas há quase três décadas, mas não perdeu a esperança.

"Estou otimista de que não vou terminar aqui. Eu nem deveria estar aqui para começar", disse em entrevista à AFP.

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Ele está detido na penitenciária Allan B. Polunsky, em Livingston, 130 km ao norte de Houston, e sempre se declarou inocente.

Em 1995, Skinner foi sentenciado à pena de morte pelo assassinato de sua namorada e dois filhos dela em Pampa, nos arredores do Texas.

Ele diz que não estava na casa onde as três vítimas morreram e que desmaiou após misturar drogas e bebidas alcoólicas. Skinner foi detido em uma casa próxima com sangue em sua roupa e insiste que uma prova de DNA provaria sua inocência.

O homem de 60 anos já passou quase metade da vida esperando uma decisão da mais alta corte criminal do estado.

O Tribunal de Apelações do Texas analisará se o júri que sentenciou Skinner teria decidido de forma diferente se tivesse acesso a um teste de DNA, hoje disponível.

O Texas tem 197 condenados à morte. Em 2020 e 2021, 6 foram executados, mas 11 saíram da lista depois que suas sentenças foram revistas.

Alguns permanecem atrás das grades. Outros estão livres como Cesar Fierro, que voltou para o México após 40 anos no corredor da morte.

Se a corte der razão a Skinner, ele continuará na prisão, mas poderá apelar em uma tentativa de provar sua inocência.

 

A execução de Skinner já foi programada cinco vezes.

Em março de 2010, foi indultado 23 minutos antes de receber a injeção letal. Foi seu advogado que deu a notícia.

"Senti como se tirassem um peso do meu peito. Me senti leve, pensei que sairia flutuando".

Passada a euforia, Skinner enfrentou uma terrível depressão quando entendeu que voltaria ao corredor da morte.

Ver companheiros de prisão morrer, disse, é mais difícil que estar preso em uma cela pequena por 22, 23 horas por dia, sem televisão ou contato físico, exceto durante as visitas das esposas.

Um total de 127 presos foram executados desde 2010 no Texas, o estado que mais aplica a pena de morte.

"Há pessoas mentalmente perturbadas aqui. Se jogam contra as paredes, batem nas portas, gritam com toda a força", conta.

Outros falam com pessoas imaginárias. Também há conversas reais, sempre em alto tom.

"É barulho o tempo todo. Mas a gente aprende a se desligar", reconhece Skinner.

Sem luz do dia e com o desjejum servido às 3h da manhã, ele diz que é difícil ter uma noção de cotidiano.

Dormimos quando estamos cansados e aproveitamos o silêncio da noite para ler.

 

Em 2008, Skinner se casou com uma ativista francesa que luta contra a pena de morte e que também está convencida de que ele foi vítima de um erro da Justiça.

Para os anos que lhe restam de vida, Skinner diz que gostaria de "passar cada minuto" com sua esposa.

Também tem outro projeto em mente: "Vou acabar com a pena de morte no mundo".

"Creio que se as pessoas soubessem como é realmente, nunca votariam pela pena de morte".

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EEUU Ejecución prisioneiros prisão homicídio

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