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Comprova: caminhões em carreata pró-Bolsonaro não são do Exército

Página de apoio a Haddad compartilhou o boato, que foi desmentido pelo próprio Exército. Os carros são de empresa de turismo que opera no litoral do Rio Grande do Sul
19:11 | Set. 24, 2018
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Tipo Notícia

[FOTO1]É enganosa a informação de que o candidato a deputado estadual Tenente Coronel Zucco (PSL-RS) usou caminhões do Exército para fazer campanha a favor dele e de Jair Bolsonaro (PSL) no último sábado, 22 de setembro, no litoral do Rio Grande do Sul.

 

 Os veículos foram adquiridos em leilões do Exército e foram emprestados por Paulo Souza, proprietário da empresa Carrossauro, que promove transporte turístico na região. A carreata foi em Capão da Canoa, no litoral gaúcho.

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 Pela similaridade dos caminhões usados no ato, muitas pessoas denunciaram que haviam sido cedidos pelo Exército. A página "Falando Verdades", que compartilha conteúdos contra Bolsonaro, também publicou vídeo acusando os caminhões de serem do Exército. Na realidade, os veículos já pertenceram às Forças Armadas, mas foram a leilão e agora são da empresa de turismo.


O proprietário da Carrossauro, Paulo Souza, comprou dois dos caminhões em dezembro do ano passado. São veículos produzidos no início da década de 1980 pela Engesa, antiga indústria nacional de material bélico, que eram usados pelo Exército e pela Aeronáutica para o transporte de tropas e equipamentos. Em março deste ano, Souza comprou mais um caminhão. Todos foram comprados de pessoas que os haviam adquirido em leilões. Os três foram usados na caravana no sábado.

[SAIBAMAIS]
O Comprova solicitou os documentos dos veículos, mas o proprietário preferiu não apresentá-los porque o advogado do Zucco (candidato a deputado) disse que vai entrar com uma representação contra pessoas que compartilharam a informação no TRE-RS (Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul).

 


Segundo a assessoria do Exército, esse tipo de veículo, como mostra no vídeo, não teria placa se fosse realmente do órgão. É preciso uma regularização para eles circularem normalmente. Aliás, os caminhões da gravação contam com o brasão do Cruzeiro do Sul, o que não é mais usado.

 

[FOTO2]O Comando Militar do Sul manifestou através de nota divulgada na internet. ""O Exército Brasileiro, como Instituição de Estado, prima pela isenção e neutralidade em relação a campanhas eleitorais. A instituição segue rigorosamente o estabelecido pela legislação eleitoral, destacando, neste contexto, seu caráter apartidário", diz o texto. "Não há impedimento legal algum que restrinja o emprego desses veículos em campanhas eleitorais, uma vez que eles são propriedades particulares", continua.

 


O próprio Zucco desmentiu o boato em vídeo publicado em seu perfil no Facebook. "Esse comentário maldoso, essa fake news, não pode acontecer, e, logicamente, que as Forças Armadas não compactuariam, não apoiariam, nenhum tipo de campanha política", disse.


O proprietário da empresa de turismo, Paulo Souza, também desmentiu a informação em uma postagem no Facebook. "Os veículos são de minha propriedade e foram usados gratuitamente na campanha e continuarão a serem usados", escreveu. “Soube que haveria uma carreata em Capão da Canoa, peguei meus caminhões e fui com meu filho e cunhado. Os caminhões são meus e ando onde quiser”, completou, em entrevista ao Comprova.


O vídeo usado em uma das publicações falsas tem origem do Instagram. Foi publicado na ferramenta "Stories". Por ser uma rede social fechada não é possível saber o autor original do conteúdo. Essa gravação foi replicada em outras redes sociais e gerou grande engajamento (reações, comentários e compartilhamentos).

 

Na página do Facebook "Falando Verdades", por exemplo, o vídeo com a descrição enganosa registrou 3,6 mil compartilhamentos, 1,2 mil comentários e 1,5 mil reações até a tarde desta segunda-feira, 24 de setembro.

 

Esta verificação foi feita por jornalistas do Gaúcha ZH, Poder 360 e AFP, e confirmada pelo O POVO, Gazeta Online, Piauí e Folha de SP

 

O que é o Comprova

O Comprova é um projeto de jornalismo colaborativo, que envolve 24 veículos de imprensa de todo o País, com o objetivo de combater a desinformação durante o período eleitoral. Informações falsas que estejam viralizando nas redes sociais serão checadas pelos jornalistas participantes e publicadas no site projetocomprova.com.br. Para denunciar boatos, envie mensagem para o WhatsApp (11) 97795-2200.

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