Participamos do

Fóssil de espécie inédita de inseto é descoberto em Santana do Cariri

Grilo da família Gryllidae tem cerca de 110 milhões de anos e foi achado durante escavação em 2014. Formação geológica é caracterizada pelos extratos marinhos, o que aumenta caráter inédito do fóssil
16:15 | Dez. 09, 2016
Autor Amanda Araújo
Foto do autor
Amanda Araújo Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

[FOTO1] 

O fóssil de uma nova espécie de inseto do gênero Araripegryllus foi achado na formação Romualdo de Santana do Cariri, no interior do Ceará. A descoberta do grilo da era Cretácea, de mais de 110 milhões de anos, foi publicada nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, na última semana. A pesquisa foi iniciada em 2014, com a coordenação do paleontólogo e professor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Álamo Feitosa Saraiva.

A nova espécie foi denominada pelos pesquisadores de Araripegryllus romualdoi, em referência à formação geológica Romualdo. O local fica a cerca de três quilômetros do entorno da Chapada do Araripe, onde já foram descobertos outros fósseis inéditos no mundo. O estudo é assinado ainda pelos pesquisadores Luís Freitas e Geraldo Moura, do Laboratório de Estudos Herpetológicos e Paleoherpetológicos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

O fóssil é importante não apenas por ser o primeiro da espécie, mas também por sinalizar novos conhecimentos sobre os nossos grilos atuais. "O grilo é o inseto que mais causa prejuízo à agricultura, são trilhões de dólares por ano sendo gastos em pulverização. Entender mais as fraquezas dessa família, ao longo do tempo, traz consequências positivas porque os insetos criam resistência aos inseticidas, que mata quem está associado a ele”, avalia o pesquisador, Álamo Feitosa.

[SAIBAMAIS]O Araripegryllus romualdoi tem 10 mm de comprimento e 5 mm de largura. Seu fóssil foi achado entre folhelhos, como são chamadas as argilas escuras entre as concreções da Romualdo. Até então, os extratos daquela formação eram todos de origem marinha, o que aumenta o caráter inédito do material.

''A fossilização já é uma loteria, e você ainda achar um ser vivo completamente fora de seu ambiente dentro do extrato? É como ganhar na loteria duas vezes", explica o coordenador da pesquisa.

Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que o Romualdo era uma das 202 espécies listadas na formação Crato. As descrições não bateram, e foi preciso iniciar um trabalho minucioso para identificá-lo e classificá-lo dentro da família Gryllidae, no gênero Araripegryllus.

"O tamanho das coxas e das pernas não era o mesmo, mas trata-se de um inseto da mesma família de gafanhotos. Ele está completamente extinto, mas as espécies do Cetáceo para cá ainda vivem", frisa Álamo.

Novas descobertas
O que também intriga os pesquisadores é entender como o grilo chegou tão longe em um lago de 180 quilômetros de profundidade. "Caiu no rio e foi levado para dentro, mas os peixes não comeram? E porque essas coisas velhas interessam? São exatamente elas que vão nos preparar para o futuro, por isso a paleontologia é importante", avalia o professor da Urca.

A escavação em que o grilo foi achado, a maior já realizada no Nordeste pela Urca, também tem mais duas espécies inéditas de camarões sendo descritas. "Pela minha experiência, nem 5% do que ainda existe na Chapada foi descoberto", disse. A previsão é que a descrição desses novos camarões seja publicada até o segundo semestre de 2017.

A Chapada do Araripe reúne uma série de condições ideias para a preservação de fósseis, como baixa energia da água e rochas que não sofreram transformações. Até janeiro, o professor está em uma expedição em Santana do Cariri, justamente, buscando mais fósseis para o acervo da universidade.

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente