Tradição de saltar de barragens é registrada por fotógrafo cearense
Pulando de um por um, os moradores usam o açude quase cheio para se divertir e comemorar a expectativa da sangria[FOTO1]
A tradição de pular nas águas do açude pôde voltar a existir com as chuvas deste ano. Interrompida pela seca, a imagem de crianças e adultos que se jogam das barragens no interior do Ceará para se divertir tornou-se novamente comum. O fotógrafo David Einstein, 24, natural de Quixeramobim, registrou no dia 20 de abril a cena na barragem da cidade, que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza. A foto foi publicada na capa da edição impressa do O POVO desta sexta-feira, 11.
[SAIBAMAIS] Ele conta que a região mudou totalmente com a maior quantidade de chuvas. “Essa transformação do sertão cinza para o verde é incrível, muito rápida”. Para mostrar a possível sangria da Barragem de Quixeramobim, uma parceria entre WIQ Telecom e o Monólitos Post está transmitindo 24 horas, ao vivo, a situação hídrica do açude. De acordo com o monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o volume do reservatório está 94,80% preenchido, 0,31 pontos menor do que em sua época mais cheia dos últimos meses.
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De pai para filho, o hábito foi passado para David ainda na infância. “Com 13 anos fiz meu primeiro salto na barragem, foi inesquecível. Estou ansioso para viver essa experiência que renova a alma”. Desde que começou a fotografar, David nunca tinha conseguido registrar a cena porque o açude estava no volume morto. Foi somente durante este período chuvoso que, indo para o outro lado da barragem, ele conseguiu ver os moradores pulando de um por um dentro do reservatório.
[FOTO3] Observar a paisagem do sertão onde mora é atividade que dá gosto ao fotógrafo. Fazendo o “antes e depois” das chuvas, David diz que percebe no semblante da população uma alegria inigualável de ver o açude ficar próximo a sangrar. “Pessoas até fizeram promessas”, relata. Mais gente visita a barragem diariamente, como quem espera em tempo real a sangria acontecer. David diz que assistir a expectativa dos moradores pelas águas do açude o ensina mais sobre a luta e a resistência dos sertanejos.