Mulher relata como foi mordida por macaco-prego em Pacatuba

Ela foi levada ao Hospital Municipal de Pacatuba e, em seguida, encaminhada à Capital. Dono do estabelecimento afirmou que o contato com os animais é proibido

A atriz e produtora cultural Karoline Tedesco relatou a mordida que sofreu de um macaco prego após se aproximar dos animais durante um passeio no município de Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza. O caso aconteceu no dia 21 de janeiro.

Pelas redes sociais, Karoline Tedesco contou que foi a um restaurante localizado no município a convite do namorado para visitar os animais que ficam em área no local. Além do casal, familiares do companheiro de Karoline estavam no passeio.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Em vídeo, a artista contou que, além do restaurante, o local tinha uma lagoa, espaço para pescar, árvores, gramado e animais, como pavão, peixes e macacos. Ela destacou que os primatas eram os animais que estava mais animada para ver. 

Durante o dia, Karoline e os outros integrantes do passeio pescaram, tiraram fotos, almoçaram e, em seguida, foram ver os animais. Para visitar os macacos, especificamente, era necessário atravessar uma pequena lagoa que dá acesso a um espaço com árvores, onde estavam os animais.

Inicialmente, ela não chegou perto dos macacos, pois não queria se molhar, mas, após ver a interação entre os animais e os familiares do namorado, Karoline decidiu se aproximar. Os animais fizeram barulhos com a boca, e o grupo chegou a pensar que os animais estavam “felizes”.

“Eu achei muito estranho quando eles ficavam olhando para mim e ficavam fazendo barulhos com a boca, meio que muito eufóricos, e não parecia que eles estavam felizes. Parecia tudo, menos que eles estavam felizes. Mas, como eu não sei como é a alegria de um macaquinho, eu acreditei que fosse”, disse.

Ela conta que um dos macacos chegou a pegar na mão dela e levar em direção a boca, porém ela conseguiu tirar. Em seguida, ele foi em direção ao pé dela e o mordeu duas vezes. Na primeira vez, Karoline aponta que não doeu e que o animal parecia estar brincando, porém, na segunda vez o macaco não soltou o pé dela.

“O macaco foi para o meu lado esquerdo e abocanhou o dorso do meu pé esquerdo. Não doeu. Em seguida, ele mordeu o meu pé e aí não soltou. Eu ainda deixei, porque achei que ele fosse soltar e, depois, eu comecei a me desesperar”, relembrou.

Interação entre humanos e macacos

O biológo Fernando Heberson aponta que pessoas sem capacitação técnica para trabalhar com esses animais não devem se aproximar dos mamíferos. Assim como outros animais, os macacos mordem para se defender e apresentam sinais quando se sentem ameaçados.

“Isso é uma coisa comum de os animais fazerem, morder para se defender. A gente tem que pensar na perspectiva do animal. Esses macacos são animais pequenos em comparação à pessoa. Imagina se você tem um gigante se aproximando de você, um gigante que tem comportamentos imprevisíveis, que é o caso da nossa espécie. Cada indivíduo vai ter um padrão comportamental, o que nos torna criaturas muito imprevisíveis para os outros animais”, detalhou.

De acordo com o mastozoólogo, os barulhos que os macacos faziam com a boca eram, na verdade, avisos para que o grupo não se aproximasse.

“Mostrar os dentes e fazer barulhos com a boca pode parecer uma risada, do ponto de vista da nossa espécie, mas, para eles, é um sistema de alerta. Estão dizendo: ‘Fica longe’. Os animais dão avisos de que você não deve se aproximar deles. Dependendo do animal, ele vai fugir, eriçar os pelos, as escamas, vão ficar em pé”, explicou.

Transmissão de doenças

O profissional pontua que os mamíferos, principalmente primatas silvestres, são espécies evolutivamente próximas do ser humano. A partir disso, as respostas fisiológicas, imunológicas e parâmetros fisiológicos são parecidos, ou seja, há a possibilidade de transmissão de doenças.

“Eles podem transmitir doenças para a nossa espécie devido a essa semelhança genética. Então, é muito fácil uma doença presente, originalmente, em um macaco passar para a espécie humana. O contrário também pode acontecer, como ocorre com o vírus da herpes”, destacou.

Fernando explica que, geralmente, o ser humano não apresenta um quadro de doença agressivo por conta de herpes, caso esteja com todos os parâmetros de saúde normais. Porém, para os macacos, a doença é muito perigosa e potencialmente letal.

Atriz tomou vacina apór mordida de macaco

Após a mordida, o namorado de Karoline conseguiu retirar o animal do pé dela e a jovem foi levada ao Hospital Municipal de Pacatuba, onde o ferimento foi higienizado. A atriz tomou a vacina antirrábica. Depois, Karoline foi encaminhada ao Hospital São José, em Fortaleza, para tomar medicamentos, além de outras injeções na lesão.

No dia seguinte ao acidente, ela contou que foi o dia mais doloroso e que a área da lesão estava muito inchada. Além das doses da vacina, Karoline fez uso de antibióticos durante dez dias. A atriz também afirmou que fraturou um dos dedos do pé após realizar uma tomografia. 

Karoline relembrou que, depois da mordida, ficou em pânico e disse que não imaginava que o macaco poderia atacá-la.

“Não fazia ideia. Eu confesso que eu nunca vi antes, ou se vi não me marcou ou não me lembrava. A figura que a gente tem do macaco é essa figura fofinha do macaco e que é muito acentuada pelos memes. A gente não para pra pensar nisso. E o macaco que a gente vai se deparar talvez não seja o mesmo. Não imaginava que poderia acontecer”, apontou.

De acordo com a atriz e produtora cultural, o estabelecimento não contava com placas sinalizando sobre o contato com os animais do local.

“Lá não tinha nenhuma sinalização de que não pode chegar perto dos animais. Não que isso isente a minha culpa de ter chegado perto do macaquinho, afinal, é um animal silvestre. Mas eu acho que o local deveria zelar pela seguranças dos clientes e, nesse ponto, falharam”, disse.

O proprietário do estabelecimento Pacatuba Pesk, Antônio Araújo, afirmou que os macacos foram colocados em uma ilha, onde o acesso de clientes é proibido, e que outras pessoas já foram mordidas pelo animal.

“O dono desse macaco o colocou nessa ilha, porque ele já tinha mordido na casa dele toda a família. Eles já estão lá porque não é para estar no convívio de pessoas. O pessoal atravessa o açude, que não é permitido, devido ao período dos pirarucus. Aquele macaco mordeu uma filha minha e mordeu minha nora. A gente avisa que não pode”, disse. 

Antônio explicou que os garçons avisam aos clientes sobre a proibição, mas que está providenciando placas para colocar no estabelecimento.

“Eu estou providenciando várias placas para colocar em todos os locais. São várias placas, não é só a respeito dos macacos. É a respeito de cobra, jacaré, das capivaras, dos pirarucus, a respeito de tudo. O garçom às vezes descuida e não fala, aí o pessoal entra na água, vai nadar, vai para a ilha mexer com os macacos”, finalizou. 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

mulher mordida macaco mulher mordida macaco prego mulher mordida pacatuba macaco prego pacatuba

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar