Pesquisadores encontram fóssil de tubarão de 150 milhões de anos na Chapada do Araripe

Há ainda a perspectiva de elementos químicos encontrados corresponderem a uma descoberta de relevância mundial. A falta de verbas, no entanto, é um fator que impede que a pesquisa avance em um ritmo maior

Um fóssil de tubarão foi encontrado na cidade de Missão Velha, município localizado a 500 quilômetros de Fortaleza, por paleontólogos da Universidade Regional do Cariri (Urca) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foram encontrados ainda elementos químicos no solo que são associados a cometas e meteoros. Os achados datam de cerca de 150 milhões de anos.

O paleontólogo e pesquisador da Urca Álamo Saraiva explicou que esses elementos podem ter uma relevância de proporções mundiais, caso ele leve a novos indícios sobre a história da Terra. “Pode ser uma grande descoberta, porque poderia explicar o final do (período) Jurássico e o início do Cretáceo”, pondera em entrevista ao repórter Guilherme Carvalho, da Rádio CBN Cariri.

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Em relação ao animal, o pesquisador explica que trata-se do espinho dorsal de uma espécie aquática que viveu em águas doces do sertão cearense no final do Jurássico, ainda antes da separação entre a América do Sul e o continente africano. Na época, a região era formada por rios e lagos.

O fóssil, encontrado em uma localidade conhecida como Floresta Petrificada, na Chapada do Araripe, será exposto no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri. Atualmente, o achado está em processo de preparação na Urca. Além da instituição, também participaram da pesquisa, estudiosos da UFPE e do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Falta de verbas federais dificulta o andamento dos estudos, alega pesquisador

Os trabalhos de escavação na região já acontecem há um ano e meio
Os trabalhos de escavação na região já acontecem há um ano e meio (Foto: Laboratório de Paleontologia da Urca)

Ao O POVO, Saraiva lamentou a falta de recursos que as pesquisas vêm recebendo, especialmente em relação às verbas federais. “É constrangedor, porque a pesquisa poderia estar em um ritmo bem mais acelerado”, enfatiza. Desde 2017, as verbas da União não chegam para reforçar os trabalhos, que sobrevivem com financiamento estadual, por meio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

O especialista explicou que os pesquisadores fazem escavações no mesmo ponto há um ano e meio e disse que esse é um “trabalho de paciência”. “Tem hora que é (usado) picareta, outra hora que é marreta, às vezes só com pincel”, detalha. Além das descobertas divulgadas nesta sexta-feira, os estudiosos também encontraram ossos desarticulados de peixes extintos e de uma família de tubarão.

A razão dos estudos, conforme defende o pesquisador, é tentar compreender o passado para fazer projeções para o futuro. “Tendo um entendimento da dinâmica do planeta, a gente tem melhor possibilidade de enfrentar as intempéries que vêm no futuro”, argumenta. Em relação ao aquecimento global, por exemplo, Saraiva explica que o Jurássico e o Cretáceo foram períodos com esse fenômeno e podem ajudar a compreender o que a humanidade deve enfrentar.

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