Primeiro peixe-boi reabilitado no Ceará é solto no mar; veja vídeo

A soltura do mamífero marinho, ameaçado de extinção, é um marco na história cearense. Outros três peixes-bois adultos estão no cativeiro da Aquasis e serão soltos em breve

A Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) realizou a soltura do primeiro peixe-boi-marinho reabilitado no Ceará, na manhã dessa quarta-feira,  25, em Icapuí, no litoral cearense. "Maceió", nomeado assim em homenagem ao local de encalhe (Pontal de Maceió), foi resgatado em 15 de dezembro de 2013, com cerca de um ano de vida. O mamífero marinho ficou seis anos em reabilitação no Sesc de Iparana e outros dez meses em readaptação no primeiro Cativeiro de Aclimatação para peixes-bois-marinhos do Estado, na praia de Peroba. Outros três peixes-bois adultos estão no cativeiro, aguardando a soltura em breve.

Para garantir um retorno seguro ao mar, duas equipes da Aquasis irão revezar o monitoramento de Maceió nas primeiras 48 horas. Em seguida, o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP), conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), passa a acompanhar o animal. Segundo o gerente do Programa de Mamíferos Marinhos (PMM), Vitor Luz, além dos três peixes-bois adultos que aguardam a soltura no Cativeiro de Aclimatação, em Icapuí, outros 14 animais estão em reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos da Aquasis (CRRM), em Caucaia.

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— O POVO Online (@opovoonline) May 26, 2021

O processo de aclimatação em cativeiro, monitorado pela equipe do PMM da Organização Não Governamental (ONG),  é a última etapa antes da soltura. A etapa anterior são as instalações do CRRM. De acordo com Vitor, o processo de reabilitação de peixes-boi é longo em função do intervalo que passam em aleitamento, que dura cerca de dois anos. "Considera-se o ideal a soltura de animais a partir dos três anos de idade”, afirma. Desde o início dos trabalhos da Aquasis no Ceará, nos anos 90, mais de 70 filhotes foram resgatados. Em média 55% desses animais ainda estão vivos, seja na natureza ou em reabilitação.

Segundo a ONG, o Ceará é recordista em números de encalhes de peixes-bois recém-nascidos, devido à perda de áreas adequadas na costa cearense para o parto das fêmeas e cuidados com seus filhotes, como estuários e áreas marinhas mais calmas e abrigadas. Além disso, no litoral leste do Ceará e oeste do Rio Grande do Norte, há uma das populações de peixe-boi-marinho mais representativas, porém dispersa e com baixa densidade demográfica. A espécie é ameaçada de extinção desde a década de 80.

Com objetivo de integrar as comunidades costeiras e veranistas ao processo de conservação do peixe-boi, a instituição está realizando uma campanha de educação socioambiental, informando sobre as ações da Aquasis nas etapas de aclimatação, soltura e monitoramento do animal. Se estendendo ao reporte de avistamentos do mamífero, principalmente se o peixe-boi-marinho estiver portando o rádio transmissor acoplado em sua cauda. “Sabemos que nossa missão pela recuperação da espécie ainda é longa e árdua, mas esses eventos são nosso principal estímulo para seguirmos firme em frente, afirma Vitor.

Kauanna Castelo
Especial para O POVO

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