Projeto do TST dialoga com jovens sobre educação e trabalho infantil
O projeto beneficiou nove escolas públicas de Caucaia e um centro socioeducativo de Fortaleza. As instituições receberam dez notebooks, destinados aos seus parques tecnológicos
22:25 | Dez. 05, 2025
Pelo menos 400 estudantes de escolas públicas do município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, estiveram presentes na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT- CE), para o encerramento do projeto “Partiu Aula”.
A ação é fruto de uma parceria entre o TRT-CE e o Tribunal Superior do Trabalho (TST), e busca fomentar a aprendizagem dos jovens e combater o trabalho infantil.
O projeto beneficiou . As instituições receberam dez notebooks, destinados aos seus parques tecnológicos.
Além disso, o centro socioeducativo Canidenzinho, localizado em Fortaleza, também foi contemplado com notebooks e recebeu um acervo com mais de dois mil livros da Fundação da Biblioteca Nacional.
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Juízes e rapper comentam da importância do projeto para os jovens
Concentrados na apresentação de hip-hop dos artistas, meninas e meninos das escolas públicas de Caucaia ocupavam o jardim do TRT-CE.
"Para combater a evasão escolar, primeiro a educação precisa ser mais atrativa, os professores precisam estar fortalecidos e o ensino precisa ter uma linguagem mais próxima da realidade dos jovens que vivem nas periferias", declarou o ativista social, rapper e agitador comunitário Rafael Rafuagi.
Conforme o artista, a ação dialoga diretamente com as juventudes sobre o empoderamento juvenil nas comunidades e o vínculo entre educandos e educadores.
Questionado sobre a recepção dos estudantes, Rafael conta que a percebeu de forma muito positiva. “A recepção foi ótima na medida que a gente viu feedbacks incríveis, não só dos alunos, mas como dos professores. Foi algo fenomenal”, indica o rapper.
“Esse show de hip-hop está sendo feito para incentivar as crianças e adolescentes a não trabalharem e continuar na escola”, afirmou Fernanda Uchôa, presidente do TRT.
Conforme ela, o resultado esperado é a disseminação entre jovens e crianças da ideia de que “criança e adolescentes não devem trabalhar e sim estudar e brincar”, explica.
Já o ministro do TST Alberto Balazeiro afirma que trazer uma informação em uma linguagem já conhecida pelos jovens, a do hip-hop, é importante para ter certeza de que a mensagem foi dada.
“A justiça não pode ficar parada aguardando que a demanda chegue, ela tem que ir onde as pessoas e os problemas estão. Nós temos o dever de, não só trazer a informação, como dar as respostas”, concluiu.
A intenção do projeto, conforme a juíza auxiliar do TST Izabella Ramos Pinto, é levar por meio da cultura do hip-hop a redução da vulnerabilidade e desenvolver a cidadania nas crianças.
“O projeto foi tão exitoso que ultrapassou o número de jovens impactados — o previsto eram 500, e chegou a 764. Houve uma grande procura e superou nossas expectativas”, afirma Izabella.
Conforme a juíza, o TST está desenvolvendo ações para a região norte do País voltadas ao trabalho infantil, ao análogo à escravidão e à violência contra as crianças.
Alunos falam sobre projeto
Com o sonho de ser advogada criminalista, a jovem Ana Sophia, de 17 anos, conta que a oportunidade está sendo incrível.
“O Rafa foi na nossa escola, [ele] é muito simpático, soube conversar e teve várias dinâmicas, as batalhas de rima foram incríveis. É a primeira vez que venho a esta parte de Fortaleza e eu nunca tinha visto”, conta com um sorriso no rosto.
Já o estudante Mateus da Silva, de 17 anos, relata que achou o projeto maravilhoso. “Serviu de inspiração para gente, onde o Rafa levou cultura e o hip-hop”.
Sobre o futuro, o adolescente declara que se sentiu inspirado a aprender mais sobre o movimento do hip-hop e “incentivar as pessoas aonde elas querem estar”.
“O projeto traz uma realidade que hoje em dia ainda é um grande tabu, que é o hip-hop. É uma ação ótima para conhecer uma nova cultura”, afirma estudante do Liceu de Caucaia, Henrique Levi, 17.
O jovem tem o sonho de cursar Letras - Português, e conta que a ação o incentivou. “Creio que isso [o Partiu Aula] foi o fundamento para pensar no estudo, que é muito importante”, acredita.
Para o professor da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Vicente Arruda, Manuel Marcondes, afirma que o projeto representa um “momento de crescimento educacional”.
“Às vezes, esses momentos são mais enriquecedores do que uma aula. Eles aprendem com histórias e a própria vida, com aquilo passado. É algo riquíssimo para a nossa escola”, afirmou Marcondes.
Confira imagens da ação: