Ceará monitora operação no Rio; líderes do CV no Estado estariam entre mortos

Megaoperação contra a facção Comando Vermelho (CV) deixou dezenas de mortos nas comunidades do Alemão e da Penha. O POVO apurou que ao menos quatro cearenses, apontados como lideranças do CV nos bairros Pirambu e Carlito Pamplona, em Fortaleza, estariam entre os mortos

12:17 | Out. 29, 2025

Por: Mirla Nobre
Policiais militares patrulham durante a Operação Contenção na favela Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, Brasil, em 28 de outubro de 2025. (foto: MAURO PIMENTEL / AFP)

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) informou que monitora a situação da megaoperação contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV) nas comunidades do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Ações policiais começeram na terça-feira, 28, e seguem nesta quarta-feira, 29.

O POVO apurou que ao menos quatro cearenses, apontados como lideranças do CV nos bairros Pirambu e Carlito Pamplona, em Fortaleza, estariam entre os mortos na operação mais letal já registrada no estado do Rio de Janeiro.

Até o momento, o registro oficial dá conta de que 64 pessoas morreram, sendo a maioria homens, e 81 foram presas.

Na manhã desta terça, porém, moradores enfileiraram dezenas de corpos na Praça da Penha, que teriam sido achados na mata.

Em nota, nessa terça-feira, 28, a SSPDS informou que, de forma preventiva, reforçou o policiamento em pontos estratégicos orientados por levantamentos realizados pela Coordenadoria de Inteligência (Coin). Na noite de terça, moradores da região do Grande Pirambu relataram movimentação policial.

Entre as equipes, foram identificadas helicópteros da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas do Ceará (Ciopaer) e do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), da Polícia Militar do Ceará (PMCE).

Além disso, alguns informes circularam entre os quarteis policiais sobre a movimentação de viaturas para regiões consideradas delicadas, principalmente as que são de domínio das lideranças cearenses do CV, alvos da operação do Rio.

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O POVO apurou que três nomes de criminosos cearenses estariam entre as confirmações da Inteligência do Estado. A ausência de confirmação oficial estaria ligada a uma estratégia de cautela adotada pelo Estado, diante das possíveis consequências que as mortes poderiam gerar na Capital e demais municípios.

Chefe do CV, "Skidum" estaria escondido no Complexo da Penha

Entre os alvos da operação, lideranças cearenses estariam escondidas no Complexo da Penha. Um dos homens que a Polícia do Ceará já havia identificado na Penha é Carlos Mateus da Silva Alencar, o “Skidum” ou “Fiel”.

Ele é apontado como chefe do CV na região do Grande Pirambu e no bairro Boa Vista e integra a lista dos mais procurados da Segurança do Ceará.

Em março deste ano, O POVO publicou que criminosos desembolsavam aluguéis de R$ 100 mil por esconderijos nas comunidades do Rio de Janeiro.

O POVO apurou que seria possível que outros cearenses estejam refugiados na comunidade e possam vir a ter sido presos ou mortos. Imagens que circularam nas redes sociais mostram um dos mortos vestido com uma blusa do time do Ceará Sporting Club.

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Perfis nas redes sociais chegaram a publicar mensagens de luto em relação a quatro líderes do CV no Ceará, que ainda não foram confirmados oficialmente pelo Estado do Ceará ou Rio.

A operação no Rio foi batizada de Contenção. Ela tinha como objetivo cumprir mandados de prisão e busca e apreensão nas comunidades do Alemão e Penha. As regiões, ao todo, reúnem 26 favelas e mais de 110 mil moradores.

O Governo do Rio de Janeiro afirmou que a ação policial foi deflagrada após mais de um ano de investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).