XIX Marcha de Resistência e Autonomia do Povo Tremembé tem como foco a luta pela terra

XIX Marcha de Resistência e Autonomia do Povo Tremembé tem como foco a luta pela terra

Ato reuni rituais sagrados, momentos culturais e debates para reafirmar a luta pela demarcação das terras do povo Tremembé

No próximo dia 7 de setembro, será realizada a XIX Marcha de Resistência e Autonomia do Povo Tremembé, no distrito de Almofala, em Itarema. Com o tema “História, Memória e Ancestralidade”, a edição deste ano busca dar visibilidade à luta pela demarcação das terras indígenas na região, um processo que se arrasta há mais de 30 anos.

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A Marcha nasceu em 2004, idealizada pelo cacique João Venâncio e por sua filha, a professora Raimunda Nascimento, como uma forma de afirmação da identidade indígena diante de um cenário em que a presença dos tremembé era negada em Almofala.

Segundo Janiel Tremembé, presidente da Associação do Conselho Indigenista Tremembé de Almofala (Cit), a marcha também surgiu como contraponto ao feriado da independência do Brasil.

“A gente nunca foi muito adepto a essa forma de comemorar o 7 de setembro. Queríamos uma data que fosse a caráter do nosso povo, não do governo. Por isso nasceu a marcha, para mostrar que o povo Tremembé ainda existe, resiste e é dono do território de Almofala.”

Luta pela terra

O território Tremembé está em processo de demarcação desde 1993, mas até hoje não foi homologado. Em fevereiro de 2023, a Justiça Federal no Ceará reconheceu o direito do povo às terras, mas a decisão foi suspensa após recurso de uma empresa instalada na região. Desde então, o processo segue parado no Tribunal Regional Federal da 5º Região, sem nova data para julgamento.

“Outras terras no Ceará já foram homologadas, mas a nossa segue travada por conta dessa empresa. Por isso, a marcha deste ano traz esse tema, para unir o povo e dar visibilidade à demora e às injustiças desse processo”, explica Janiel.

Cultura, ancestralidade e juventude

A programação da Marcha envolve rituais sagrados, atividades culturais, leituras de faixas temáticas, além de momentos de memória em homenageiam aos ancestrais. Neste ano, haverá um batizado indígena – o segundo em anos.

As crianças e jovens têm papel ativo na preparação. Nas escolas indígenas, eles confeccionam seus próprios trajes de pena e ensaiam apresentações para o desfile. Também participam de jogos tradicionais como arco e flecha, arremesso de lança e baladeira, em competições amistosas.

“Os jovens são o futuro da nossa geração. Eles aprendem desde cedo a valorizar a cultura, para que ela não morra. É isso que garante a continuidade do nosso povo”, ressalta Janiel.

Significado da marcha

Para os Tremembé, o ato não é apenas uma manifestação política, mas também espiritual e educativa. A cada ano, reúne centenas de indígenas e apoiadores, além de representantes de universidades como da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) e a Universidade Federal do Ceará (UFC), que fortalecem o debate sobre a importância da demarcação.

“A marcha é uma luz no fim do túnel. Ela une nosso povo e dá visibilidade à luta histórica pela terra. Enquanto a Justiça demora, seguimos firmes, mostrando que existimos e resistimos”, afirma Janiel.

Programação

  • 8 horas: Chegadas das aldeias e parceiros;
  • 9 horas: Início das brincadeias (arco e flecha, tiro de baladeira, quebra cabeça e quebra d braço);
  • 12 horas: Almoço;
  • 13 horas: Ritual sagrado do povo tremembé;
  • 14 horas: Desfile caracterizado;
  • 16 horas: Marcha saindo da Esola Maria Venância em direção ao Centro de Almofala, com paradas no cemitério para um momento de oração e em frente à igreja para leitura de faixas e a dança do torém;
  • 19h30min: Noite cultural.

Serviço

A marcha será realizada no próximo dia 7 de setembro, começando ás na 8 horas na Escola Indigena Tremembé Maria Venância, localizada na rua Praia De Almofala, Sn - Centro, Itarema. O evento é gratuito e aberto ao público. 

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