Mulheres teriam articulado atentados a ônibus, prédios da Justiça e a policiais penais

Os ataques seriam a partir do final de outubro e incluiriam ônibus incendiados e até uso de granada. As quatro investigadas, mulheres de presidiários, tiveram os celulares apreendidos durante a operação Defcon-4, da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado. A ideia seria desestabilizar o sistema prisional cearense

Quatro mulheres, companheiras de chefes locais do PCC que estão presos em cadeias do Ceará, estariam atuando como as articuladoras de uma série de atentados a policiais penais, a prédios da Justiça Criminal e a unidades prisionais estaduais. A ação coordenada estaria prevista para ser disparada a partir do final de outubro.

Haveria manifestações violentas simultâneas dentro e fora das prisões. Também incluiria detentos amotinados e ataques seguidos a ônibus e vans em Fortaleza, com o uso de explosivos e combustíveis. Uma das mulheres fez menção ao uso de granada para uma das situações. A ideia principal seria desestabilizar o sistema penitenciário cearense.

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Além de supostamente quererem forçar a saída do secretário estadual da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP), Mauro Albuquerque, tentariam a exoneração de diretores de unidades e flexibilização de regras mais rígidas da nova rotina das cadeias. A execução do plano foi interceptada através da Operação Defcon-4, deflagrada nesta terça-feira, 28, pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que reúne agentes de seguranças de órgãos estaduais e federais.

Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências das investigadas. Elas moram nos bairros Barroso, Quintino Cunha (comunidade Favela do Sossego), Cais do Porto e Vila União. Têm, respectivamente, 26, 23, 22 e 26 anos de idade. Foram apreendidos apenas seus celulares, não houve ordem de prisão. Os policiais também buscaram materiais incendiários nos imóveis vistoriados, mas nada foi encontrado. As mulheres deverão ser convocadas para depoimento na Polícia Federal (PF).

Nenhum nome foi divulgado, nem dos servidores alvos nem das investigadas. Segundo o delegado federal Igor Conti, supervisor da Ficco no Ceará, a Defcon-4 utilizou informações colhidas na operação Synodos, realizada pela PF no Ceará em agosto deste ano. “Já há algum tempo essa facção tem tentado desestabilizar o sistema penal e é o que foi descoberto nessa situação. Encontramos evidências que foram encaminhadas pela própria SAP”, descreveu Conti. Os dados da SAP teriam sido obtidos em outubro último, através de levantamentos do setor de inteligência.

No mesmo grupo de WhatsApp que as investigadas usavam para articular os possíveis atentados, uma das situações sensíveis identificada pela Ficco foi a imagem feita de dois servidores da Administração Penitenciária cearense. Eles foram fotografados durante o desfile de 7 de setembro, na avenida Beira Mar, em Fortaleza. Estariam entre os alvos dos criminosos e a imagem foi comentada em relação a isso. A troca de mensagens estaria sendo feita por mais de 30 pessoas, incluindo as quatro mulheres.

Conti confirma que uma das mulheres é companheira de um membro da alta cúpula da facção paulista no Ceará. O homem estaria recolhido na Unidade Prisional de Segurança Máxima, em Aquiraz. Os demais presos ligados a elas seriam internos do complexo de Itaitinga, também na Região Metropolitana de Fortaleza. No dia 9 de outubro, a Justiça Estadual autorizou a transferência de detentos chefes locais de facções para penitenciárias federais, já sob o argumento de planos de insubordinação dentro das prisões cearenses

O planejamento dos atentados teria sido descoberto em outubro, no desenrolar do material apreendido na Synodos. A operação desencadeada em agosto também descobriu um grupo, ligado à mesma facção, que igualmente especulava a morte de policiais penais. Em 22 de agosto, foi feita a prisão de uma mulher em Fortaleza, além de três mandados de busca e apreensão cumpridos na Capital e mais dois em Sobral.

Justiça determinou  quebra de sigilo telemático

A perícia nos celulares recolhidos nesta terça-feira deverá indicar o caminho para as novas diligências. A Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Ceará, que autorizou a busca e apreensão, também determinou a quebra de sigilo telemático das quatro mulheres investigadas. Ajudará no rastreamento de mais mensagens e de novos nomes envolvidos no plano.

As mulheres estão sendo investigadas pelo artigo 2 da lei 12.850, sob a suspeita de integrarem organização criminosa armada, com penas que podem chegar a 12 anos de prisão.

O POVO procurou a SAP em busca de mais detalhes dos fatos investigados. A matéria será atualizada tão logo a resposta seja enviada. O nome da operação Defcon-4 faz referência ao estado de prontidão de defesa, usado por forças policiais, que vai do nível máximo (Defcon 1) ao mais brando (Defcon-5).

A Ficco combate as facções criminosas e reúne agentes de segurança da Polícia Federal, Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), polícias Civil e Militar, SAP, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e Perícia Forense do Ceará (Pefoce).

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