Congresso em Fortaleza discute adesão do esperanto na sociedade

Falantes do esperanto realizam confraternização no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) de Fortaleza até este domingo, 5, em promoção ao ensino do idioma no Estado

Diferentemente de outras línguas, o esperanto foi projetado. O responsável pelo invento foi o polonês Ludwik Lejzer Zamenhof, que nasceu em uma região onde vários idiomas diferentes eram falados. “Existiam grupos que falavam alemão, russo, iídiche, etc. Eram povos beligerantes entre si, eles não se entendiam”, explica Wandemberg Morais, vice-presidente da Associação Cearense de Esperanto (ACE).

Wandemberg participou do 10º Congresso Pan-Americano de Esperanto, que acontece no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) de Fortaleza, nessa sexta-feira, 3. Programação se estende até o dia 5 de novembro.

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Diante da situação, o teórico buscou projetar uma língua mais "fácil e regular", com o objetivo de estabelecer uma comunicação de igual para igual entre pessoas de idiomas diferentes. O propósito é colocar os falantes em um local comum, em que nenhum tenha vantagem sobre o outro.

Isso é importante, segundo Wandemberg, para eliminar situações de vantagem cultural que um falante nativo teria ao usar sua língua natal em um contexto internacional.

“Se eu for atender qualquer língua e eu for usar com o dono daquela língua, vou ficar em uma posição não privilegiada ao mais ignóbil falante daquela língua, embora eu cresça no conhecimento intelectual acerca da língua”, explica o vice-presidente. 

“Então, ele se propôs a criar uma língua que não pertença a ninguém, mas que seja ao mesmo tempo de todo mundo, como segunda língua”, adiciona.

O objetivo é dotar a humanidade de uma língua de comunicação fácil de ser aprendida, transparente e que dê condições aos falantes de atingirem todos os níveis de excelência.

"No esperanto crio palavras, é como um brinquedo de peças, você vai montando. O esperanto pinçou coisas para ajudar no processo de formação da língua. O frânces ele achou mais interessante. Você economiza palavras e tem consistência. Em português, inglês e até o frânces, você precisa aprender palavra por palavra, no esperanto não".

É importante ressaltar que a língua não visa a substituir outros idiomas, mas sim, dar melhor chance de sobrevivência em um mundo dominado por poucas línguas “supremacistas”.

“Quando uma língua se impõe a uma comunidade pequena, ela derrota aquela língua, que desaparece. O que a gente quer é enaltecer outras línguas. A gente quer que o diálogo intercultural favoreça todas as outras expressões humanas”, adiciona Wandemberg. Para ele, o raiz para o aprendizado da língua é a fraternidade e, sobretudo, a ambiência familiar.

O carioca Álvaro Mota, 47, é esperantista há mais de 20 anos. “A primeira vez que eu tive contato com a língua, foi quando eu vi uma coleção de selos do meu pai, que ele passou para mim. Na coleção tinha um selo em homenagem aos 100 anos do nascimento do Zamenhof”. Na vida adulta, ele entrou em contato com o idioma mais uma vez, por meio do espiritismo. 

Álvaro esteve presente no congresso para apresentar uma ação que ele realizou na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. “A gente teve a oportunidade de mostrar a rica literatura que usa o esperanto, como a Unesco, o Machado de Assis, Asterix, Pequeno Príncipe, uma série de livros na língua e tudo o que a língua tem", disse. Ele também descobriu que muitas pessoas conheciam o Esperanto por meio do aplicativo Duolingo.

Creche Conveniada Amadeu Barros Leal em Fortaleza leciona esperanto para crianças

O esperantista César Barros Leal, procurador do Estado do Ceará, começou a estudar línguas estrangeiras aos 13 anos - entre elas, o esperanto. Aos 16, começou a dar aula de esperanto na Universidade Federal do Ceará (UFC). "O esperanto me ajudou muito a estudar as outras línguas e a viajar para todo o resto do mundo", ressaltou. 

Nessa quarta-feira, 30 de outubro, a Creche Conveniada Amadeu Barros Leal, fundada por César há 30 anos, conhecida por ser a única do País a atender filhos de prisioneiros, aprofundou relações com o esperanto

Dias depois, 2 de novembro, um grupo de dez crianças que estudam na unidade de ensino, cantaram - em esperanto - durante a cerimônia de abertura do 10º Congresso Pan-Americano de Esperanto.

De acordo com o procurador, o esperanto está "extremamente ativo, como nunca antes visto, em Fortaleza".  "Cresceu muito depois da pandemia da Covid-19. Grupos crescendo, cursos de esperanto sendo oferecidos em diferentes áreas, tanto presencial como virtual, e o congresso que está acontecendo".

A UFC, por exemplo, promove o ensino do idioma na Casa de Cultura, equipamento que promove seleções de novos alunos semestralmente.

César avalia que os congressos são chances únicas dos esperantistas se encontrarem e trocarem informações. Ele relembra que o último congresso grandioso em Fortaleza foi há 21 anos, quando reuniu 1.500 pessoas de dezenas de países diferentes. A expectativa, para o 10° Congresso Pan-Americano de Esperanto, é que 300 pessoas participem.

10° Congresso Pan-Americano de Esperanto

Local: Instituto Federal do Ceará (IFCE) - Avenida 13 de Maio, 2081 - Benfica
Datas: de 2 à 5 de novembro
Inscrições pelo site
Valor: R$ 450. Para pessoas de até 30 anos: R$ 150.

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