Semana de Proteção aos Manguezais encerra com alerta para conservação do ecossistema

Com mais de 17 mil hectares pelo Ceará, ecossistema é essencial para a vida das espécies marinhas e dos humanos

O manguezal é conhecido como um berçário, por ser onde espécies marinhas encontram refúgio e condições adequadas para a desova. Ele também é responsável pela proteção costeira, já que a faixa de floresta molhada reduz o impacto do mar.

Cobrindo mais de 17 mil hectares da faixa costeira cearense, entre 22 municípios, o ecossistema ocupa apenas 0,17% da área do Ceará — mesmo assim, tem-se mostrado difícil protegê-lo.

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Nesse contexto, a Semana Estadual de Proteção aos Manguezais chegou ao fim com o alerta de que é preciso fazer mais para conservar o ecossistema e para engajar a sociedade em ações ambientais.

Em atividades desde 26 de julho, a programação passeou por diferentes pontos de Fortaleza para rodas de conversa, sessões de cinema e outras atividades de educação ambiental.

Representando o Ecomuseu Natural do Mangue, a bióloga marinha Sandra Beltrán-Pedreros falou sobre o arcabouço legal do qual o Brasil é signatário, como a Convenção Ramsar de Zonas Úmidas (1996) e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização Mundial das Nações Unidas (desde 2016).

“Se temos esse amplo e bem estruturado arcabouço legal e teórico, por que a situação dos manguezais não melhora significativamente? A resposta é simples: falta determinação na implementação das ações e cumprimento da teoria”, analisa.

No Ceará, 15 unidades de conservação (UCs) incluem os manguezais. Da área total do ecossistema, 3,02% é protegida UCs de Proteção Integral — a versão mais restrita da proteção ambiental — e 39,98% por UCs de Uso Sustentável — aquela que autoriza o uso direto dos recursos da unidade. De acordo com Giovanna Rodrigues, coordenadora de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança Clima (Sema), o órgão está estudando outras áreas para a criação de novas unidades.

“A gente vai desenvolver estudos e identificar áreas que têm espécies ameaçadas, comunidades tradicionais, floresta bem conservada e que precisam de uma atenção maior do Estado”, explica. Parte da demanda de criação de áreas protegidas vem da sociedade civil, que pode acionar a Sema pelos canais de comunicação apresentados no site www.sema.ce.gov.br. Os estudos para novas UCs duram no mínimo seis meses.

Além da conservação, a coordenadora cita a recuperação das florestas degradadas como uma das prioridades, o que envolve a criação de viveiros de mudas de mangue. “A gente também precisa de uma sociedade consciente, porque o estado não consegue conservar sozinho. A sociedade contribui no monitoramento, na denúncia de crimes ambientais e também repassa a sensibilização de que esses ecossistemas são importantes, para que outros não acabem degradando o manguezal”, diz.

Para a gestora do Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba (CAGS) Isabel Fernandes, a cultura e a memória são catalisadores dessa consciência ambiental. Enquanto o CAGS é um convite para o ecoturismo, para a gastronomia tradicional e para a educação ambiental, o equipamento também objetiva alcançar mais pessoas.

“Nós fizemos ações durante duas semanas, tanto no Complexo Ambiental, quanto em outros lugares. Em termos do que nós podemos oferecer, a semana foi muito boa. A presença de público ainda é pequena, as pessoas ainda não tiveram o interesse de sair para se informar sobre isso. E aí a gente sai e mostra para eles de perto”, comenta.

A Semana Estadual de Proteção aos Manguezais, no Ceará, foi criada pela Lei Estadual nº 16.996, de 25 de setembro de 2019. O objetivo é ampliar a divulgação e sensibilização para a importância e a preservação do ecossistema.

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