Censo 2022: Ceará tem quase 24 mil pessoas quilombolas

Expectativa é que o número dobre no próximo Censo, segundo a coordenadora nacional do Conaq

No Brasil, conforme o levantamento realizado pelo Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.327.802 pessoas quilombolas, o que corresponde a 0,65% da população residente no País. Deste total, 23.955 são quilombolas cearenses. É a primeira vez que a pesquisa contou com um questionário com perguntas específicas para os povos remanescentes de quilombo.

Para a professora, quilombola da Comunidade de Nazaré, em Itapipoca, e coordenadora nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Aurila Maria de Sousa Sales, os resultados da pesquisa foram uma grata surpresa e as expectativas para as próximas edições são positivas.

“Eu pensava que, aqui no Ceará, nós iríamos contabilizar 15 mil quilombolas e chegamos a quase 24 mil. Para a próxima, acho que esse número pode dobrar, porque a partir do momento que as pessoas verem, elas vão passar a se autodefinir quilombolas”, afirma.

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Ela conta que ainda existe muito medo, por parte das pessoas quilombolas, em se autodefinir. Muitas vezes, por já terem vivenciado muitas situações de ameaça e de conflito por tomada de terras. “Somos gratos por finalmente poder contar essa história, que por muito tempo foi negada”, diz Aurila.

O antropólogo e analista censitário de povos e comunidades tradicionais do IBGE, Fábio Frota, aponta que, apesar da surpresa da quantidade de pessoas que se autodeclaram quilombolas, o processo de pesquisa do Censo já demonstrava que o número seria significativo.

“Fomos percebendo no decorrer do processo do Censo que seria um número que superaria as estimativas. E essa é a potência do Censo, quando percorremos o território nacional, temos acesso a realidade com uma dimensão muito maior do que uma pesquisa ou levantamento podem ter. Acho que foi uma surpresa, mas o processo culminou para isso”, comenta.

Fábio argumenta que ainda é cedo para mensurar os impactos sociais que a pesquisa trará a longo prazo, mas salienta a importância que o Censo tem para o reconhecimento e visibilidade dessas populações perante o Poder Público.

“É um dado robusto, nacional e comprovado, que consegue dizer o número de comunidades existentes em um país, um estado, um município… E isso fortalece muito a comunidade na hora que ela vai lutar pelos seus direitos e por visibilidade, para que essas pessoas possam dizer quem elas são, quantas são e onde elas estão. Me parece que isso fortalece muito também as reivindicações pela regularização fundiária, acho que de alguma forma chama o Poder Público para atender essas comunidades”, conclui.

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