Faccção oriunda do Ceará já está presente em outros quatro estados

Documento do Ministério Público aponta que a facção estaria presente nos estados de Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro e Pernambuco

Organização criminosa oriunda do Ceará, que surgiu em 2012, teria expandido sua atuação para outros quatro estados brasileiros: Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro e Pernambuco. A informação foi obtida por meio de uma sentença da Vara de Delitos de Organizações criminosas relacionada à chacina do Forró do Gago, também conhecida como chacina das Cajazeiras, que deixou 14 pessoas mortas, no dia 27 de janeiro de 2018.

O documento explica que o grupo surgiu por meio de uma torcida organizada e passou a envolver-se com o tráfico de drogas, que foi uma alternativa para o financiamento do grupo. A facção era uma gangue de bairro e tornou-se uma facção criminosa atuante no Ceará.

O grupo é identificado por números 754, que corresponde a cada letra do alfabeto. Após atuar no tráfico de drogas, a organização criminosa tentou ampliar as atividades ilícitas para não chamar a atenção dos órgãos de segurança e ter acesso ao dinheiro lavado.

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Os locais escolhidos pelos grupos são bairros pobres e ocupações, com o intuito de ampliar a situação comercial, onde os serviços públicos e privados são deficitários.

De acordo com o documento, a facção foi criada dentro da CPPL 1, presídio localizado em Itaitinga, e teria aproximadamente 25 mil integrantes, 21 lideranças e um faturamento de R$ 5 milhões. Os criminosos estariam presentes em 90 cidades nos quatro estados.

Essas informações fazem parte da sentença de envolvidos na chacina do Forró do Gago, ação que foi articulada pela facção criminosa. O documento do Poder Judiciário, da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, possui a sentença de Misael de Paula Moreira e destaca a atuação da facção.

Facção é citada pelo Ministério Público em 2016

 

Em 2016, um relatório do Ministério Público do Ceará (MPCE), que tinha como objetivo verificar as causas e a responsabilidade da destruição dos complexos penitenciários da Região Metropolitana e a morte de 18 presos, em maio de 2016, apontou, pela primeira vez, a existência de três facções nas unidades prisionais do Ceará. Entre elas, o grupo oriundo do Ceará.

O início do relatório apontava uma frase do coronel Alexandre, que era comandante do Batalhão do Choque e, posteriormente, foi comandante geral da Polícia Militar do Ceará, que dizia que "abriram as portas do inferno e não conseguiram fechar", descrevendo o cenário de barbárie nas unidades durante aquela crise.

Nesse período, uma greve dos policiais penais, que naquela época eram chamados agentes penitenciários, "inflamou" o clima dentro das unidades prisionais no dia de visita. Os presos, chefes de facção, fizeram um salve, em protesto a situações que pontuaram como agressões a visitantes, como uso de spray de pimenta. Depois disso, todas as unidades prisionais entraram em colapso e foram destruídas, detentos foram mortos, alguns queimados. As ações eram filmadas e repercutiam nas redes sociais.

As esposas dos presos protestavam do lado de fora das unidades prisionais, queimavam pneus e tentavam contato, pois o uso de telefones celulares, naquele ano, acontecia de forma desenfreada. A equipe de reportagem que acompanhava na época presenciava as respectivas situações.

Depois da rebelião, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, na época o Sindasp-CE, que era Valdemiro Barbosa, além de outros agentes, foram apontados, na época, por inflar os detentos, com um suposto bloqueio das visitas. O prejuízo financeiro chegou a R$ 12 milhões. As informações são baseadas em reportagens da época e do próprio relatório do MPCE.

O que mudou

 

Naquele período, a gestão dos presídios era realizada pela Secretaria de Justiça (Sejus). Posteriormente, com a chegada de Mauro Albuquerque, em 2019, a gestão tornou-se a Secretaria da Administração Penitenciária. E atualmente, se chama Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização.

Com a chegada do secretário Mauro Albuquerque se instalou um método de disciplina nas unidades com maior foco nas vistorias e que tornou-se escasso o uso de aparelhos celulares. Ainda foram abolidas tomadas de eletricidade, televisores e ainda a visita intima.

Mauro Albuquerque, que era referência no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte (RN), havia assumido a gestão da Secretaria da Justiça de RN em 2017 em meio a uma crise e acabou com uma das maiores rebeliões do estado, que alcançava os 13 dias consecutivos.

No Ceará, em 2019, houve uma crise com rebeliões, ataques a prédios públicos e explosões a viadutos. No entanto, o Estado não recuou da principal exigência das facções criminosas, que era justamente a saída de Mauro da gestão da SAP.

Operações

 

Após a chacina das Cajazeiras, a Secretaria da Segurança Pública, por meio da Delegacia de Repressão ás Organizações Criminosas prendeu chefes da facção criminosa oriunda do Ceará em 2019 e descobriu até a existência de anéis templários, que eram concedidos aos criminosos do alto escalão. As operações com resultados de prisões e apreensões de drogas resultaram ainda na quebra dos recursos financeiros do grupo.


 

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