Centro de Turismo do Ceará completa 50 anos e revitalização é principal demanda

Equipamento cultural reúne mais de 100 lojas, entre peças de artesanato e comidas típicas

Considerado o primeiro equipamento turístico do Ceará, o Centro de Turismo completou 50 anos no dia 31 de março. O local que hoje reúne produtos artesanais funcionava como a Cadeia Pública de Fortaleza. O lugar foi projetado em 1850, pelo engenheiro Manuel Caetano Gouveia, e levou 16 anos para ser construído, com o orçamento inicial de 40 contos de réis.

Após abrigar presos nos séculos XIX e XX, o local foi desativado e, em 1973, as celas deram lugar ao artesanato e à cultura. O andar superior do edifício foi adaptado para sediar a Empresa Cearense de Turismo (Emcetur).

O Centro passou a reunir lojas que atraíam turistas e, por meio das peças e das comidas típicas, apresentava o Ceará aos visitantes. Em 1982, o local foi tombado como Patrimônio Histórico Estadual e, com a extinção da Emcetur, apenas o Centro de Turismo do Ceará ficou ativo.

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Atualmente, o equipamento conta com 105 lojas e três quiosques, muitos deles passados entre gerações. Os produtos expostos vão da gastronomia local a peças de artesanato em diferentes técnicas, como roupas de algodão cru, crochê, rechilieu, renascença e bordado, além de doces, castanhas, licores e cachaça.

O antigo espaço também reunia os museus de Arte e Cultura Popular e de Mineralogia e o Teatro Carlos Câmara, que, atualmente, é gerido pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Os equipamentos estão temporariamente desativados e, desde o início da pandemia de Covid-19, as peças dos museus estão passando por um processo de curadoria, com algumas enviadas à Pinacoteca do Ceará.

Um dos comerciantes que está no Centro de Turismo há mais tempo é Flávio Alves, também conhecido como Flávio da Castanha. Com um quiosque de produtos típicos localizado na entrada do equipamento, Flávio trabalha há 35 anos com a venda e apresentação de produtos típicos, como castanha, licor de jenipapo e vinho do caju, servindo degustações aos turistas.

O comércio sempre esteve presente na família do permissionário e é passado de pai para filho desde a inauguração do Centro como equipamento cultural. Por isso, apesar de considerar a necessidade de reparos, o lugar representa grande importância a Flávio.

“Para mim, esse espaço mostra a história do Ceará. Apesar de ser uma história de sofrimento, permanece, hoje, a riqueza cultural. Quando o turista chega, ele quer saber o que é isso daqui. Então, para mim, isso é uma coisa maravilhosa. O que me entristece um pouco é que o nosso espaço está um pouquinho abandonado. O Estado precisaria ser mais firme, mais presente aqui conosco. Nós temos um museu belíssimo, mas que está há dez anos fechado”, afirmou.

Até hoje, o comerciante guarda reportagens antigas publicadas sobre o Centro de Turismo. As páginas dos jornais amareladas recordam notícias sobre as reformas realizadas e revivem o espaço do equipamento, que era utilizado ativamente para a promoção de atividades culturais, voltadas principalmente aos turistas.

“A questão principal aqui é a divulgação do local. Os nossos problemas não são novos, são os mesmos. Existem pessoas que passam por aqui e não conhecem o espaço. Então, é necessário que seja mais divulgado para ser mais visitado, porque hoje está meio paradinho”, analisou.

A última reforma no prédio foi realizada em 2011, na época da gestão do então governador Cid Gomes. Apesar do equipamento conservar a originalidade e a arquitetura, é notório que, após quase doze anos, há demandas de melhorias. O elevador do edifício, por exemplo, se encontra em manutenção, dificultando a acessibilidade ao pavimento superior.

De acordo com a Secretaria de Turismo do Estado do Ceará (Setur), a realização de reformas no local está em fase de licitação. O equipamento está localizado no Centro de Fortaleza, próximo à Estação das Artes, complexo que passou por recentes obras de restauro, e do Paço Municipal, dois locais historicamente marcantes de Fortaleza. Segundo a Setur, o prédio histórico passará por uma reforma física e paisagística, com o objetivo de ressaltar suas origens.

“Já contamos com uma procura boa, é um equipamento que preserva a memória da Capital, mas queremos intensificar a movimentação. Nossa intenção é que ele permaneça na rota turística do Centro, juntamente com outros equipamentos, como a Estação das Artes e a Pinacoteca”, informou a pasta.

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