Policial penal denunciado por assédio será interrogado, afirma advogada

Outras cinco vítimas também devem formalizar denúncia contra o policial nesta quinta-feira

Seis advogadas cearenses estão denunciando um policial penal lotado na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL 2) por assédio sexual. Ao acessar dados pessoais das vítimas por meio de cadastros internos para acesso às unidades prisionais, onde elas visitam clientes, o suspeito começou a enviar mensagens com teor sexual e fazer inúmeras ligações.

O suspeito será interrogado amanhã, 3, às 8 horas. Uma das vítimas já denunciou formalmente o policial e as outras cinco vítimas devem formalizar denúncia contra ele amanhã.

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De acordo com as vítimas, o homem fazia as ligações com números não identificados e nunca mostrava o rosto, além de usar uma conta falsa nas redes sociais. No entanto, uma das vítimas decidiu descobrir quem era o assediador que a importunava desde outubro de 2021. A reportagem irá preservar o nome das vítimas.

Tudo começou quando ela foi fazer atendimento apenas na CPPL 2. Ao sair do presídio, recebeu a ligação do assediador, na qual ele comentava a roupa que ela usava e perguntava quanto custava o programa, afirmando que pagaria dois mil reais. Em prints enviados para O POVO, é possível ver outros tipos de assédio, como o envio de fotos do órgão sexual do policial para a vítima e o uso de palavras que atentam à dignidade da mulher.

Com a percepção de que o suspeito trabalhava na CPPL 2, a advogada decidiu "dar corda" aos pedidos do policial penal e descobrir o rosto dele. No dia 31 de outubro, segunda-feira, ele aceitou fazer uma vídeo chamada, e ela fez prints do rosto dele. 

O grupo de advogadas reconhece o policial penal e, acompanhada da advogada criminal Raphaele Farrapo, a vítima seguiu para a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para formalizar a denúncia no dia 1º de novembro, após outro atendimento na CPPL 2. Ela conta que o policial, sem saber que a vítima estava a caminho de denunciar, continuou ligando insistentemente. 

No processo de reconhecimento do rosto do assediador, outras advogadas compartilharam que também estavam sendo vítimas com o mesmo modus operandi

Prisão

 

"A SAP está ciente, mas o policial não foi afastado e nem preso em flagrante", informa Raphaele Farrapo. Com o interrogatório do policial e a denúncia das outras cinco vítimas amanhã, a perspectiva da acusação é que o suspeito seja afastado imediatamente e preso preventivamente. 

A prisão preventiva é defendida pela advogada ao considerar que o homem tem acesso aos dados pessoais das vítimas, incluindo o endereço delas, e posse de arma. "Coloca em risco a vida de todas as advogadas vítimas dele", reforça, além de considerar a possibilidade de outras futuras vítimas. O inquérito tem um prazo de 30 dias para ser finalizado, podendo acrescer mais 30 dias no processo. 

Em nota, a SAP destacou as denúncias contra agentes públicos do sistema prisional são encaminhadas à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) para apuração.

A CGD, por sua vez, informa que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI), em sigilo. A Controladoria determinou ainda a instauração de um procedimento administrativo disciplinar ao suspeito. Mais informações serão repassadas apenas com o fim da investigação.

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