"Efetiva, Izolda": protesto em defesa do Parque das Carnaúbas faz apelo à governadora

Em ato, comunidade denuncia descaso da Sema com a unidade de conservação que abriga riqueza em biodiversidade e tem sido explorada pelo interesse privado; movimento defende preservação ambiental e potencial da região para o ecoturismo

Manifestantes realizaram um ato na manhã de sábado, 8, em defesa do Parque Estadual das Carnaúbas, unidade de conservação (UC) localizada entre os municípios de Granja e Viçosa do Ceará.

Com faixas, cartazes e dizeres como “Efetiva, Izolda”, a população do distrito de Timonha percorreu as ruas para denunciar o descaso da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e pedir à governadora Izolda Cela a efetiva implantação do parque.

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A mobilização foi a segunda de uma série de atos que têm como objetivo garantir a proteção e fiscalização do território para combater o desmatamento e a extinção de fauna e flora, além de denunciar a exploração por parte de empresas de energia eólica e mineração que têm sido instaladas ao longo da UC.

Sobre o assunto

Conhecida entre biólogos, pesquisadores e trilheiros como “Chapada Diamantina cearense”, a região composta por formações importantes como a serra de Ubatuba abriga riqueza em biodiversidade e é denominada como o último refúgio natural de vegetação e vida silvestre no Estado.

“É berço de nascente de importantes rios que abastecem comunidades e desaguam no Oceano Atlântico. É lá onde estão localizadas dezenas de cachoeiras, bicas, cavernas, grutas e cânions”, conta Nara Magalhães, líder do movimento e presidente do coletivo Parque das Carnaúbas.

Nara explica que a unidade foi criada em 2006, em atendimento aos indicadores de desembolso da Operação Swap I, financiada pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial), que previu como um dos seus propósitos proteger e preservar áreas representativas do bioma caatinga.

“No entanto, 16 anos após sua criação, o parque ainda não foi implantado. Não há nenhuma estrutura, sede administrativa, cercas ou placas de identificação que indiquem sua implementação. Nem mesmo há presença institucional da Sema como órgão gestor e da Semace como autarquia fiscalizadora, o que deixa a unidade vulnerável”, relata.

 

Com o apoio da população, a ideia é dar voz à comunidade para que as necessidades sejam atendidas, por isso mais um ato deve acontecer no dia 29 de outubro, desta vez em Ubatuba
Com o apoio da população, a ideia é dar voz à comunidade para que as necessidades sejam atendidas, por isso mais um ato deve acontecer no dia 29 de outubro, desta vez em Ubatuba (Foto: João Neto)

Segundo a representante, o parque possui forte potencial para o ecoturismo, mas tem servido a interesses privados com a abertura para entrada de pedreiras e empresas de energia eólica: “Uma das que estão ativas já extraiu mais de cem blocos de rocha ornamental numa região bem próxima a um olho d’água que é fonte de abastecimento para a comunidade inteira”.

“Há empresas abrindo estradas criminosamente na serra das Flores para transportar material e que a Semace autuou vergonhosamente em R$ 1 mil reais. A gente tá falando transporte de concreto, de aço, a gente tá falando do impacto ambiental desmedido que vem a afetar negativamente a população inteira”, alerta.

A região, segundo a presidente do coletivo Parque das Carnaúbas, está subvalorizada. “É uma beleza que poderia muito facilmente trazer economia, poderia atrair gente do mundo inteiro, pesquisas científicas, impulsionar o fluxo de turistas. Isso tudo geraria mais atração do que mesmo a exploração”, afirma.

O sentimento de revolta da população se justifica, de acordo com Nara, porque essa demanda tem sido negligenciada pelo secretário Artur Bruno, titular da Sema.

“Ele está há 8 anos e a gente não consegue entender que descaso público é esse. A secretaria está consciente e não dá resposta, não fez devolutiva de estudo, joga no time contrário, no antiambientalismo, na privatização. O nome do movimento é ‘Efetiva, Izolda’ porque a gente entende que ela tem como chegar no secretário e cobrar ele por isso”, diz.

Com o apoio da população, a ideia é dar voz à comunidade para que as necessidades sejam atendidas, por isso mais um ato deve acontecer no dia 29 de outubro, desta vez em Ubatuba. “Esse foi o segundo ato de muitos que virão, porque a gente entende que a luta é árdua e contínua”, finaliza Nara.

Em nota fornecida ao O POVO, a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) informou que já foi publicada a nomeação de um novo gestor para a Unidade de Conservação (UC) e que a partir dos estudos que estão sendo concluídos, vai verificar quais procedimentos a serem adotados, na UC.

Atualiza às 11h49 de 10/10/2022

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