Litoral do Ceará entra em temporada de peixes-bois marinhos

Entre setembro e março, o encalhe desse tipo de animal se torna mais comum nas praias do Ceará e do Rio Grande do Norte

O litoral do Ceará entrou, neste mês de setembro, na temporada de peixes-bois marinhos. Até março de 2022 esses animais devem ser vistos com mais frequência em algumas praias situadas no Estado cearense e também naquelas localizadas no Rio Grande do Norte (RN). Contudo, a época também pode registrar um número mais frequente de casos de encalhe da espécie, o que acende um alerta.

De acordo com a bióloga Cinthya Leite, existe uma população de peixes-bois conhecida em Icapuí, município a 205,3 quilômetros de Fortaleza, que pode ser vista constantemente. No intervalo de tempo entre setembro e março, o número de encalhes dessas criaturas marítimas aumenta.

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"Não temos como afirmar exatamente as causas desses encalhes, mas para os filhotes, as causas geralmente são comuns a todos. Ocorre a perda de habitat favorável para as fêmeas terem o filhote e cuidarem deles na natureza. Elas acabam procurando regiões inadequadas, e os filhotes mais frágeis ficam sujeitos ao tempo e às correntes e acabam encalhando", explica.

Cinthya é técnica da equipe de resgate e de reabilitação da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis). A instituição atua como uma das responsáveis por realizar o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP), que monitora o encalhe da fauna marinha no litoral.

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Toda execução do projeto se dá também como medida de mitigação exigida pelo licenciamento federal. Segundo a bióloga, por meio dos registros de encalhes é possível analisar o impacto das atividades de produção e de escoamento de petróleo e de gás natural sobre os animais marítimos.

"As atividades de exploração de petróleo e gás natural podem ocasionar interferências negativas em habitats, eliminação de biodiversidade, contaminação de organismos ao longo da cadeia alimentar, além de possíveis impactos socioambientais sobre comunidades que dependem da pesca artesanal ou atividades ligadas ao turismo", pontua a especialista.

Reabilitação e ações de conscientização 

Equipes ligadas ao projeto atuam, principalmente nesta época do ano, no monitoramento desses encalhes e na promoção da conscientização sobre o assunto. Conforme Cinthya Leite, anualmente são realizadas campanhas de informação e de sensibilização ambiental na área de cobertura do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP).

Nesses momentos, ocorre a promoção de conversas com moradores e pescadores, principalmente a respeito da adaptação do animal pós-soltura. Atualmente, há 12 peixes-bois em reabilitação do Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos, localizado em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

No cativeiro de aclimatação situado em Icapuí, há quatro dessas criaturas e um peixe-boi está passando pelo processo conhecido como monitoramento pós-soltura. Essa última etapa acontece quando o animal passou pelo resgate, pela reabilitação e já está pronto para ser solto no ambiente natural.

Antes da soltura, no entanto, os animais recebem uma espécie de "chip de identificação subcutâneo". Segundo a bióloga, eles também ganham "um número de marcação a frio entre as escápulas e um cinto no pedúnculo com equipamento que permite o seu monitoramento pós-soltura através de sinais de satélite".

"Neste momento que temos um animal em monitoramento pós-soltura, é fundamental orientarmos que, quando avistados, não devem ser tocados ou alimentados, e ainda, explicar a funcionalidade e importância do equipamento de rastreamento para acompanharmos a adaptação, saúde e desenvolvimento do animal", frisou a representante.

"É importante ressaltar que as interações comprometem a independência e a capacidade do peixe-boi de encontrar alimentos naturais por conta própria, além do risco de transmissão de doenças entre os animais e pessoas. Essas recomendações são importantes para o sucesso de adaptação ao ambiente natural", alertou ainda.

Saiba como informar sobre encalhe de animais marítimos:

O contato com a organização Aquasis pode ser feito no site: http://www.aquasis.org/. Entidade também mantém um "plantão 24 horas para o encalhe de mamíferos vivos ou mortos". Serviço é disponível nos números:

Resgate
85 99800.0109

Monitoramento
85 9 9188.2173

 

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