Projeto monitora praias cearenses com fotos registradas por turistas

As fotos podem ser compartilhadas nas redes sociais ou enviadas por e-mail para o projeto. Com as contribuições, os pesquisadores podem analisar os impactos das mudanças ambientais

Praias cearenses monitoradas com fotos tiradas por cidadãos e turistas que frequentam a costa. Essa é a proposta do projeto Coastsnap Ceará. Com o próprio celular, os usuários serão capazes de compartilhar seus registros nas redes sociais com as hashtags da campanha e as imagens podem ser usadas para calcular as taxas de mudança na posição da linha de costa, como o avanço e o recuo do mar. O projeto nasceu por meio do Programa Cientista Chefe do Meio Ambiente, do Governo do Estado.

De acordo com os pesquisadores, a ideia é que nos próximos anos todo o litoral do Ceará possa ser monitorado com baixo custo tendo o apoio das pessoas. O banco de dados do monitoramento poderá, ainda, fornecer previsões sobre a resposta da praia frente às mudanças ambientais, o risco de desabamento de falésias, o lixo marinho e a quantidade de usuários das praias.

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A proposta de monitoramento comunitário do litoral é baseada em fotografias que são compartilhadas por diversos meios, como o Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp e por e-mail. Essa abordagem é chamada de ciência cidadã e visa o engajamento popular para o cuidado com as praias e produção de dados científicos. Assim, políticas públicas podem ser executadas com mais precisão.

Para conseguir compartilhar suas fotos, os turistas precisam se dirigir a uma das bases do Coastsnap posicionadas no litoral. Lá, é necessário apoiar o celular no suporte e tirar sua foto. Após ler as instruções na placa, o registro já pode ser compartilhado nas redes sociais usando #coastsnappacheco. Também é possível enviar diretamente para o WhatsApp do projeto, basta apontar a câmera do celular para os QR Codes exibidos na placa e será direcionado para os canais de contato.

A primeira estação foi instalada na ultima sexta-feira, 11, na Praia do Pacheco, localizada no município de Caucaia, a 14 km de Fortaleza. A base faz parte das pesquisas de Melvin Leisner, aluno do mestrado em Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Uece. Ele é orientado pelo professor Davis Pereira de Paula, um dos membros da Coordenação do Núcleo Costeiro do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará. A expectativa é que em um futuro próximo mais estações monitoradas por outros alunos das instituições parceiras sejam instaladas.

Marcelo Soares é professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará, e também atua como cientista-chefe em meio ambiente do Estado do Ceará. Segundo ele, um dos critérios para a escolha da Praia do Pacheco como pioneira foi a proximidade com Fortaleza. Além disso, segundo o pesquisador, historicamente a região sofre com os desgastes decorrentes da erosão, que causam problemas sociais, econômicos e ameaçam a vida dos moradores.  

De acordo com o professor Marcelo, após a escolha da praia que irá ser sede para a base do Coastsnap, é necessário designar um local estratégico para posicionar a estação. Para isso, alguns requisitos são levados em consideração, como a presença de turistas e de moradores.

"A gente também escolhe um local que, de preferencia, dê um bom ângulo na região de praia. Deve também ser um local fixo, pois as fotos são tiradas em diferentes horários, dias e meses", explica o pesquisador.  O projeto agora analisa a instalação de novas bases ainda em 2021 e em 2022 nas praias de Itarema, Acaraú, Itapuí e Cumbuco.

Sobre o Coastsnap

O projeto foi criado na Austrália, em 2017, pela University of New South Wales (UNSW). Hoje ele está presente em todos os continentes, formando uma rede global comunitária de monitoramento de praias. O método desenvolvido na Austrália será aplicado no litoral do Ceará por meio de parceria entre o programa Cientista Chefe de Meio Ambiente e instituições como o Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica (LGCO), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Water Research Lab, da UNSW.

Já o programa Cientista Chefe tem como objetivo unir o meio acadêmico e a gestão pública. Por meio dele, equipes de pesquisadores estão trabalhando nas secretarias ou órgãos mais estratégicos do Governo do Estado para identificar soluções de ciência, tecnologia e inovação que podem ser implantadas para melhorar os serviços e, desta forma, proporcionar mais qualidade de vida à população.

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