"É uma falsa segurança achar que não precisamos de vacinação", diz presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações

Médico Juarez Cunha diz que é preciso enfraquecer movimentos antivacina. Ele participou da abertura dos Encontros Universitários da UFC, discutindo mitos e verdades sobre a vacina

O médico e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, participou, nesta quarta-feira, 10, dos Encontros Universitários (EU) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na sua palestra, "Vacinas: mitos e verdades", ele discutiu a importância de enfraquecer os movimentos antivacina, bastante influentes no momento, mesmo diante da demanda de imunização com a pandemia do coronavírus. Para Cunha, a principal estratégia desfazer esses movimentos é esclarecer a população.

Segundo levantamento do Instituto Datafolha, o percentual de brasileiros dispostos a se vacinar contra a doença caiu de 89% na primeira quinzena de agosto para 73% em dezembro, e cresceu de 9% para 22% a parcela de pessoas que assumem não quer tomar a vacina. Os dados são recentes, levantados em 2020. 

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"Terraplanismo e movimento antivacina são pensamentos muito parecidos"

De acordo com o presidente da SBIm, os pais mais jovens, por não terem conhecimento sobre determinadas doenças, podem achar que não é necessário vacinar seus filhos, por exemplo. “É uma falsa segurança achar que não precisamos de vacinação. As vacinas são responsáveis pelo aumento da nossa expectativa de vida e pela diminuição da mortalidade infantil no país em relação a doenças imunopreveníveis, como o sarampo e a rubéola”, aponta Juarez Cunha.

O médico traz um alerta feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, sobre as baixas coberturas vacinais. “Há uma hesitação ou recusa em aceitar se vacinar, apesar da disponibilidade do imunizante no sistema de saúde”.

Ele alertou sobre a necessidade de confiança na ciência e o alinhamento nos discursos dos governantes, instituições de saúde e profissionais para assegurar a credibilidade nas vacinas. “Se não tivermos o mesmo discurso, a desconfiança em relação à eficácia e segurança das vacinas pode aumentar ainda mais”. 

É mito ou verdade?

Em sua apresentação nos Encontros Universitários (EU) Juarez Cunha contabilizou uma lista com verdades e mentiras que estão circulando nas mídias sociais. O médico conta que, em março de 2020, as mensagens antivacina receberam cerca de 4,5 bilhões de visualizações nas redes, sendo 60% a mais antes da contaminação por Covid-19. Os dados são da "The Public Good Projects”, através do portal Stronger, organização especializada em programas de monitoramento de mídia em grande escala.

Cloroquina e Ivermectina são alternativas à vacinação?
Juarez Cunha: Falso! Não há comprovações científicas.

Vacina tríplice viral causa autismo?
JC: Falso! Não há relação da vacina do sarampo, rubéola e caxumba com o autismo.

Vacina do vírus do papiloma humano (HPV) induz à sexualidade precoce?
JC: Falso! O HPV está relacionado com o contato íntimo e sexual. As pessoas juntaram esse fato à indução sexual precoce. Estamos aplicando vacinas para proteger as pessoas das consequências do HPV, como o câncer de colo do útero. A gente fecha a porta do câncer, o que não abre para o exercício da sexualidade.

Pegar doença é melhor do que vacinar?
JC: Falso! As vacinas desencadeiam respostas imunes sem os riscos de complicações da doença. As doenças custam mais caro que as vacinas. Além disso, quem adoece também pode transmitir para outras pessoas.

A vacina da clínica é melhor que a do posto?
JC: Falso! Todas as vacinas passam por longos testes de segurança e eficácia antes de serem lançadas. Vacinas só são disponibilizadas se comprovarem sua segurança e eficácia.

As vacinas de RNA irão alterar o DNA humano? O DNA não humano criará quimera humana? Os metais usados na vacina criarão antenas no corpo que serão detectados pela tecnologia 5g? Essas vacinas contêm nanopartículas que atuarão como detectores biométricos, patenteadas pela Fundação Bill e Melinda Gates. Esses detectores biométricos são trocados por criptomoedas para gerar um fluxo não monetário?
JC: Falso! Quando você lê esse tipo de informação, você acha impossível que as pessoas acreditem. Todas essas informações são falsas.

Vacinas contra a Covid-19 não são seguras porque foram fabricadas rapidamente?
JC: Falso! Todos os passos foram observados, tanto as fases clínicas e pré-clínicas. As vacinas passaram por testes e continuam sendo avaliadas.

Quem já teve covid-19 não precisa ser vacinado?
JC: Falso! Pelo contrário, há as variantes e as pessoas podem ter casos de baixa em sua imunidade. As vacinas serviram para diminuir as taxas de consequências da doença.

Quem já tomou a vacina não precisa se proteger?
JC: Falso! Ela diminui a taxa de mortalidade pela doença, mas não há como avaliar completamente a taxa de infecção. Mesmo com a vacina, as pessoas precisam se protegerem.

Vacina da gripe e pneumocócica protege ou ajuda contra o covid-19?
JC: Falso! Ela só protege contra a gripe e para a doença pneumocócica.

Quem se vacinou contra a Covid-19 não pode consumir bebida alcoólica?
JC: Falso!

Pacientes imunodeprimidos não devem receber nenhum tipo de vacina, pois elas podem causar doenças que deveriam proteger?
JC: Parcialmente mito, parcialmente verdade! Define-se imunodepressão como um estado de deficiência do sistema imunitário para responder aos agentes agressores. Um exemplo são os pacientes com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Nesse caso vai depender da situação dos exames do paciente. O cuidado deve ser em relação a vacinas atenuadas, porque dependendo da imunodepressão pode ou não ser indicado. 

Qual o intervalo mínimo entre vacinas?
JC: Inativadas, não há necessidade de intervalo mínimo, pode ser simultaneamente. Com exceção da vacina contra o Covid-19. Essas doses mesmo sendo inativadas, nós recomendamos um intervalo de 14 dias.

 

 

Encontros Universitários 2020

A Universidade Federal do Ceará (UFC) iniciou a programação dos Encontros Universitários (EU) 2020. Em formato totalmente virtual, o evento segue até a sexta-feira, 12. Conforme a Universidade, a programação inclui apresentações de 5.396 trabalhos e mais de 90 atividades abertas ao público, como oficinas, minicursos, palestras e shows musicais.

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