Comitê avaliará escalonamento de horário de trabalho para evitar aglomerações nos ônibus

Audiência pública do MPCE durou três horas e contou com representante de entes responsáveis pelo transporte coletivo no Ceará

Durante audiência do Ministério Público do Ceará (MPCE) para discutir as aglomerações registradas em ônibus e terminais de Fortaleza, um dos problemas apontados foi o fluxo intenso de usuários nos horários de pico, principalmente no início da manhã e fim da tarde. Com isso, o secretário-executivo da Casa Civil do Ceará, Flávio Jucá, se comprometeu a levar ao Comitê de Enfrentamento à Covid-19 a possibilidade de escalonamento das atividades econômicas na capital cearense.

Durante o encontro, o gestor relembrou que a estratégia já foi adotada ano passado. Com a experiência, a medida deve ser reavaliada para ser colocada em prática novamente. A discussão deve envolver todos os setores para que não haja prejuízos. “A questão financeira é sempre muito presente, mas não podemos fugir da discussão. Os recursos são escassos para todos. O Governo e a Prefeitura têm se dedicado diariamente para discutir e alocar recursos onde é necessário”, pontuou Flávio.

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Ele citou ainda projeto do Governo do Estado, aprovado nesta semana na Assembleia Legislativa do Ceará(ALCE), para auxiliar no equilíbrio financeiro das empresas de transporte regular em território cearense. O texto deve ser sancionado, conforme o secretário-executivo, nos próximos dias.

“Podemos discutir e distanciar esses horários para evitar aglomeração e reduzir os custos”, ressaltou. E completou: “o escalonamento ajudou muito. A gente tinha super oferta de ônibus. Hoje, estamos com uma oferta maior ainda. Naquele momento, combinamos de escalonar e ir ajustando. Este pode ser um ótimo momento para rediscutir.”

Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira afirmou que as empresas não estão tratando de lucro, mas da capacidade de operar frente à realidade atual. De acordo com o representante sindical, o serviço em Fortaleza já é prestado com a capacidade total possível.

Dimas detalha que há cerca de 1.549 veículos circulando na Cidade. A média é que cada ônibus transporta cerca de 200 pessoas por dia. No período pré-pandêmico, a média era de 500 usuários diariamente. “O nosso problema sempre esteve concentrado nos picos. Com pandemia ou sem pandemia, esse sempre foi o problema aqui e em todo lugar do mundo.”

Situação epidemiológica

 

Guilherme Henn, presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, reiterou aos presentes que a situação epidemiológica em o todo o Estado é crítica e tende a piorar. Sobre os dados apresentados pelo Sindiônibus, comentou: “A média de passageiros não é tão valiosa quando olhamos para cada linha e cada horário. A gente só melhora a proporção de vagas para passageiros de duas formas: ou diminui o número de passageiros ou aumenta o número de vagas”, após reforçar a necessidade de intensificar o cumprimento das medidas sanitárias nos espaços de transporte coletivo.

Newton Fialho, gerente da Socicam, empresa responsável por administrar os terminais de ônibus, reforçou que é preciso achatar o horário das atividades para reduzir o fluxo de usuários. “Nós temos feito trabalho árduo e contínuo nos terminais sempre buscando a orientação dos usuários. Mas a principal questão é os horários de picos. Nós temos dificuldade maior tanto pela pressa das pessoas de pegar o ônibus quanto pelo espaço físico dos terminais.”

Representando a Câmara Municipal de Vereadores e a população, a vereadora Larissa Gaspar (PT) defendeu o retorno integral da frota de ônibus na Capital e criticou os problemas persistentes no transporte público. "A grande maioria da classe trabalhadora de Fortaleza precisa pegar ônibus todos os dias para garantir o sustento dos seus filhos. Não é justo com a população ter redução de frota durante a pandemia”.

A parlamentar lembrou ainda que Sindiônibus e Prefeitura não obedeceram às recomendações do Ministério Público nem a Ação Popular do ano passado para reintegração à frota diária dos ônibus retirados de circulação. Antes da crise sanitária, cerca de 1751 veículos prestavam o serviço em Fortaleza.

“Quer dizer que nós vamos ter de recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal para garantir a saúde coletiva da população? É preciso o prefeito e o governador tentarem garantir? As empresas precisam se movimentar. São vidas. A gente não pode assistir isso de braços cruzados. Os recursos são públicos. Temos que atender os interesses da coletividade. É cansativo”, desabafou.

Larissa ainda contestou à Socicam o contrato com a prefeitura de 23 milhões para este ano de 2021. “Não dá para contratar mais pessoas? Socicam, Sindiônibus e Governo precisam encontrar uma solução”, sugeriu.

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