Ceará possui 26% dos jovens de 15 a 29 anos sem estudar ou trabalhar

Segundo o IBGE, o Nordeste tinha em todos seus noves estados mais de um quarto dos jovens nessa faixa etária sem estudar ou trabalhar

No Ceará, a proporção de pessoas de 15 a 29 anos de idade que não estudavam nem estavam trabalhando diminuiu em 2019, saindo de 28,5%, no ano anterior, para 26%. O Nordeste tinha em todos seus noves estados mais de um quarto dos jovens nessa faixa etária sem estudar ou trabalhar, totalizando um taxa de 28,1% na média regional.

Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2020, realizada com dados de 2019 e publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 12. Apesar da melhora no índice do Estado, os resultados de 2019 mostram o Ceará com uma proporção de jovens nessa situação bem acima da média dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e da média apontada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) identificada para o ano anterior.

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Dos estados nordestinos, o Ceará ocupava o sexto lugar no ranking de jovens que não tinham ocupação ou não frequentavam unidades escolares em 2019. A maior taxa ficou com Alagoas (34%), seguido por Maranhão (33,2%), Pernambuco (29,9%), Paraíba (27,9%), Sergipe (26,2%), Ceará (26%), Piauí (25,9%), Bahia (25,5%) e Rio Grande do Norte (25,4%).

Em comparação a 2016, a proporção de jovens nesta situação diminuiu no Ceará e aumentou no Nordeste, conforme mostra o IBGE. A região nordestina destoava das demais principalmente pelo aspecto da ocupação, visto que apenas 40,5% dos jovens estavam ocupados, enquanto a média nacional era 49,8%.

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Ensino médio x ensino superior

 

Segundo o professor Wagner Andriola, da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Ceará (UFC), a baixa escolarização de jovens adultos entre 15 e 29 é um tema que está associado ao distanciamento entre as experiências educacionais previstas no currículo do ensino médio e dos cursos universitários, com relação às atuais exigências do mundo do trabalho.

“Destaco a necessidade de ocorrer a aproximação entre as universidades, o sistema empresarial, através da Fiec [Federação das Indústrias do Estado do Ceará], por exemplo, e os sistemas educacionais de ensino básico”, afirma.

Segundo a análise do docente, essa tríade de entidades (universidades, empresários e gestores de sistemas educacionais) proporcionará o estabelecimento de parcerias estratégicas envolvendo alunos universitários e alunos do ensino médio, “sob a coordenação de grupos de pesquisadores experientes, sobretudo nas áreas de maior monta para o desenvolvimento local."

“Esse é o segredo para aumentar a proporção de adultos com formação universitária, plenamente inseridos no mercado de trabalho local, em áreas estratégicas para o desenvolvimento do Ceará”, coloca.

Ainda segundo mostrou a pesquisa do IBGE, da população de 25 anos ou mais de idade do Nordeste, 49,1% não tinham instrução ou possuíam fundamental incompleto, e apenas 12,1% tinham superior completo.

O professor Wagner reforça que enquanto o sistema educacional estiver distanciado das demandas do mundo do trabalho, “sem gerar expectativas nos alunos de que os conteúdos escolares são vitais à inserção qualificada destes no mercado de trabalho, haverá baixa proporção de jovens efetivamente escolarizados”. Para ele, a “escola precisa voltar a ser atrativa para esse segmento social, caso contrário, essas taxas pífias de escolarização se perpetuarão.”


Cenário nacional

 

No Brasil, a proporção de jovens sem estudar ou trabalhar diminuiu, em 2019, passando de 23%, no ano anterior, para 22,1%. O movimento decorreu do aumento no nível de ocupação dos jovens, conforme traz o IBGE, mas não se deu de forma igualitária nas regiões brasileiras.

Nesse quesito, o País ainda se encontra em pior situação que a maioria dos países que compõem o Mercado Comum do Sul (Mercosul), segundo dados para os anos de 2018 ou 2017 disponíveis na base de dados da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Para fins de comparação internacional, a faixa etária utilizada é de 15 a 24 anos.

Sobre a pesquisa

 

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) traz uma análise detalhada das condições de vida da população brasileira a partir de três eixos fundamentais – Estrutura Econômica e Mercado de Trabalho; Padrão de Vida e Distribuição de Renda; e Educação, com detalhamento geográfico, por gênero, cor ou raça e grupos de idade, assim como a evolução temporal de muitos dos indicadores.

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