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Custando mais de R$ 50 mil por mês, tratamento de recém-nascida no Ceará será pago pelo Estado

Medida ocorre após intervenção da Defensoria Pública do Ceará (DPCE), já que os pais da criança não possuem condições financeiras para pagar o tratamento

Nascida em 27 de julho deste ano, a pequena Maria Alice foi diagnosticada com hiperinsulinismo congênito dias depois do parto. Os gastos mensais com o tratamento chegariam a cerca de R$ 50 mil por mês. Valor fora da realidade econômica de seus pais. Diante da urgência em se iniciar o tratamento, os responsáveis buscaram auxílio da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) que conseguiu na justiça a garantia de que o governo estadual arque com as despesas dos medicamentos.

Ao ser questionado sobre o sentimento diante da decisão favorável da justiça, o pai de Maria Alice desabafou entusiasmado: “Você não faz nem ideia do alívio”. O eletricista José Marcos Barbosa, que vive com a família no bairro Itaperi, em Fortaleza, comemorou ainda o fato de a filha já ter recebido o primeiro lote do remédio. 

O amparo fez com que a família pensasse a importância e qualidade do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme explica José ao pontuar que todo o acompanhamento é feito pela rede pública.

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Maria Alice, recém-nascida terá tratamento de mais de meio milhão de reais pago pelo Estado após intervenção da Defensoria Pública
Maria Alice, recém-nascida terá tratamento de mais de meio milhão de reais pago pelo Estado após intervenção da Defensoria Pública (Foto: Arquivo Pessoal)



Ao todo, desde o nascimento da menina até o início do tratamento decorreram cerca de 30 dias. “Uma sensação de gratidão”, destacou. Aline Santos, mãe da recém-nascida, também expressou sua gratidão diante da rapidez com que o caso da filha foi amparado pelo governo estadual.

“Pelo fato dela ter nascido no meio dessa pandemia, imaginei de tudo já seria mais difícil”, destacou Aline. Ela conta que precisou ir para o hospital para o nascimento de Alice e teve que ficar sozinha, mesmo durante os dias em que a filha ficou internada. “O contato era só por ligação”, relembra.

Com 53 cm e pesando 4,3 kg, Maria Alice foi encaminhada para observação logo após o parto. A medida foi necessária devido ao diagnóstico de hiperinsulinismo, condição que faz com que o organismo, desde poucas horas de vida, produza uma quantidade desregulada de insulina, gerando baixas concentrações de glicose no corpo, substância fundamental nos processos de intracelulares.

Quadro atinge uma pessoa em um intervalo de 25 a 50 mil nascimentos segundo estimativas do Ministério da Saúde. Se os glicoses se mantiverem baixos por muito tempo, podem ocorrer episódios de convulsões, lesões corporais e até a morte. “Uma doença traiçoeira”, frisou Aline.

Além de Maria Alice, ela também é mãe de Marcos Vinicius, de 7 anos. O menino também foi diagnosticado com hiperinsulinismo logo após o nascimento, mas somente conseguiu iniciar o tratamento cerca de seis meses depois, também por intervenção da Defensoria. O tempo gerou sequelas.

“Ele teve paralisia cerebral. Foi assim muito castigado por essa doença. A gente não tem como saber os efeitos que ela tá causando, quando a glicose está baixa”, alertou Aline sobre o fato da doença agir sem manifestar sinais físicos evidentes. Mesmo com as sequelas, o tratamento tem possibilitado uma saúde estável a Marcos, conforme relatou o José.

“No ritmo dele, ele tem evoluído bastante”, declarou, orgulhoso do filho. José fez ainda projeções para que o futuro de seus dois filhos seja de “sucesso, saúde e alegria”. Ele destacou que o tratamento de ambas as crianças não possui uma data para terminar, mas que no caso de Alice, a projeção dos médicos é que ela possa reduzir começar a reduzir doses a partir de dois anos.

A intervenção rápida e com êxito para obtenção do tratamento para Maria Alice foi comemorada pela defensora pública Karine Matos, ela integra o Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa) da DPCE e foi quem protocolou a demanda junto ao governo estadual, requerendo que o Estado assumisse as despesas da compra do medicamento “Sandostatin”. Cada ampola do remédio custa em média R$ 4.199.

“Considero uma ação extremamente positiva, ainda mais no momento em que estamos vivendo de contenção de gastos e diante da pandemia de coronavírus”, completou a defensora. Ela pontuou ainda que o Nudesa não interrompeu suas atividades e que segue atuando junto à sociedade para que as pessoas tenham seu direito de acesso à saúde garantido. “Temos tido uma excelente margem de êxito”, pontuou.

O Nudesa, assim como os demais setores da Defensoria estão recebendo demandas, documentos e também protocolando ações por meio remoto. Nas questões relacionadas à saúde cidadão podem entrar em contato pelo whatsapp 98895-5436, assim como fez o pai de Alice. Demais contatos da defensoria podem ser conferidos no site, clicando aqui.



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