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Nordeste é a única região do País a não registrar queda no analfabetismo em 2019, diz IBGE

Maioria dos analfabetos também reside na região, de acordo com a pesquisa
10:37 | Jul. 15, 2020
Autor Lais Oliveira
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Lais Oliveira Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

A região Nordeste foi a única do Brasil a não apresentar queda na taxa de analfabetismo em 2019. Ao contrário das outras regiões, o percentual sofreu variação para cima em relação a 2018 e ficou em 13,9% entre as pessoas de 15 anos ou mais, correspondendo a 6,2 milhões de jovens que não sabem ler ou escrever. Dos nordestinos de 60 anos ou mais, 37,2%, ou um total de 3,1 milhões, eram analfabetos em 2019. As taxas da região são as maiores do País.

A média de analfabetismo do Nordeste no grupo etário mais jovem é mais que o dobro da nacional, que é de 6,6%, estando 7,3 pontos percentuais acima. As informações estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2019, divulgada nesta quarta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Taxa de analfabetismo por faixa etária nas diferentes regiões brasileiras
Taxa de analfabetismo por faixa etária nas diferentes regiões brasileiras (Foto: IBGE)

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A pesquisa do IBGE também revelou que a maioria (56,2%) dos 11 milhões de analfabetos do País residia no Nordeste em 2019. Outra parcela de 21,7% desse grupo, equivalente a 2,4 milhões de pessoas, vivia no Sudeste.

Além disso, pelo menos 60,1% da população nordestina com mais de 25 anos não concluiu a educação básica, ou seja, não chegou a terminar o Ensino Médio. No Norte e no Sul, os índices são de 54,6% e 51,9%, respectivamente.

"Esse dado é mais um indicador que acentua as desigualdades regionais e ele é intergeracional", avalia a professora Eloisa Vidal, professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Para ela, o analfabetismo adulto é consequência de problemas educacionais anteriores e exigem "solução complexa e de longo prazo". A professora observa que o dado atinge diretamente a População Economicamente Ativa (PEA), entre 15 e 65 anos.

Além disso, Vidal analisa que o analfabetismo interfere ainda na renda das pessoas já que a ausência ou baixa escolaridade leva a empregos precários, com baixos salários e alta rotatividade. Ainda segundo a especialista, o problema "inibe também o interesse de empresas com maior valor tecnológico agregado a seus produtos, em se instalar em regiões que apresentam baixos indicadores educacionais, pela dificuldade de mão de obra. Assim, alimenta o círculo vicioso das desigualdades regionais."

A análise indica ainda que os nordestinos estudam menos tempo em comparação com brasileiros de outras regiões. No País, pessoas de 25 anos ou mais estudavam, em média, 9,4 anos ao longo da vida em 2019, conforme o IBGE. Em termos regionais, o Nordeste e o Norte estão abaixo dessa média, com 8,1 anos e 8,9 anos, respectivamente.

Por outro lado, Sudeste, Sul e Centro-Oeste mantiveram-se com uma média de anos de estudo acima da nacional – respectivamente de 10,1, 9,7 e 9,8 anos. O indicador nacional estava em 9,3 anos em 2019.

Diferenças regionais

Entre as regiões brasileiras, também na liderança do índice de analfabetismo, logo após o Nordeste, está o Norte apresentando taxa de 7,6%, entre as pessoas com 15 anos ou mais de idade.

Enquanto isso, o Centro-Sul do País detém taxas bem mais baixas. Em 2019, Sudeste e Sul ficaram abaixo de 10% e o Centro-Oeste, 16,6%. Frente a 2018, destaca-se a queda de 1,7 ponto percentual na Região Centro-Oeste e de 1,5 ponto percentual na Região Norte.


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