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ExposedSobral: vítimas de assédio no Município também relatam casos em rede social

Ainda na manhã desta quarta, o Secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará, delegado André Costa, se pronunciou sobre as denúncias. No Twitter, ele falou tanto sobre os casos de Fortaleza quanto de Sobral. E acrescentou, ainda, os relatos do Cariri. Veja como denunciar e se proteger
09:31 | Jun. 24, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

 

Vítimas de assédio na cidade de Sobral também começaram a relatar casos em rede social na terça, 23. No mesmo dia, a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca) estava apurando denúncias relacionadas ao #exposedfortal. A hashtag foi criada por um perfil no Twitter que tem, desde segunda-feira, 22, exposto rapazes que teriam um grupo para compartilhar fotos íntimas (nudes) de meninas sem o consentimento delas.

A conta exposedsobral no Twitter já passa dos 1.800 seguidores e está nos assuntos mais comentados da rede social na manhã desta quarta, 24.

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"oi pessoal, essa conta foi criada pra todas vcs q quiserem ajuda, apoio. vcs não estão sozinhas!! usem a hashtag #exposedsobral e sigam aqui caso precisem de ajuda", diz um dos primeiros tweets.


As outras postagens da conta são relatos de adolescentes e jovens que foram assediadas na cidade, por colegas da escola ou até professores, e exposição de relacionamentos abusivos.

Nomes, fotos e redes sociais dos suspeitos também estão sendo divulgados. A conta não está vinculada a nenhum perfil no Instagram. Está apenas no Twitter.

Em um dos relatos, uma das vítimas conta que foi assediada por um colega de sala durante uma conversa entre os dois. "Ele apertou meus seios e eu fiquei sem reação. Até hoje não acredito que passei por aquilo (...) Eu realmente não tenho forças para falar sobre isso detalhadamente (...) Dói até hoje", descreve.

Outra exposição parte, dessa vez, de um menino de 16 anos, que conta quando um de deus professores o assediou inicialmente pelas redes sociais: "Começou esse ano e pelo meu Instagram. Nunca tive uma amizade ou qualquer vínculo com ele além de professor e aluno. Do nada ele começou a reagir a stories meus, onde aparecia meu rosto e ele respondia dizendo que eu era "sexy", que eu dava "tesão" para ele", relata o estudante.

Ainda na manhã desta quarta, o Secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará, delegado André Costa, se pronunciou sobre as denúncias. No Twitter, ele falou tanto sobre os casos de Fortaleza quanto de Sobral. E acrescentou, ainda, os relatos do Cariri.

Ele agradeceu as vítimas que registraram Boletim de Ocorrência (B.O) e pediu que outras pessoas continuassem denunciando.


André também escreveu: "Também estamos atentos ao #exposedsobral e #exposedcariri. Vamos apurar as denúncias. São crimes inaceitáveis e que marcam para sempre a vida dessas garotas. Ligue para 181 ou registre o B.O: http://bit.ly/3fOFFJh".


Como denunciar

Os BOs podem ser registrados pela Delegacia Eletrônica (Deletron), em qualquer horário do dia ou da noite. Também é possível denunciar pelo Disque-Denúncia da SSPDS, pelo número 181, ou para o número (85) 3101.2044 da Dceca.

Veja o que fazer em casos de divulgação não autorizada de conteúdo íntimo na internet

Caso esteja sendo vítima de "Pornografia de Revanche" ou Sextorsão, confira aqui um passo a passo das providências para abrir um processo e resolver a questão com o aporte da Justiça. Vale lembrar que o nome "Pornografia de vingança" não é a melhor descrição quando as imagens são compartilhadas sem consentimento.

Publicar, sem autorização, conteúdo íntimo de outras pessoas, ou compartilhar estes conteúdos nas redes é uma violência que precisa ser enfrentada. Quando se trata de imagens de menores de 18 anos, este compartilhamento pode ser classificado como distribuição de "Pornografia Infantil", mais uma forma de violência sexual.

As dicas são do site especializado em crimes virtuais SaferNet.

Qualquer pessoa que tenha sido vítima pode denunciar e pedir ajuda das autoridades. As vítimas menores de 18 anos precisam ser orientadas para pedir ajuda aos responsáveis legais ou um adulto de confiança, que podem seguir os seguintes passos:

1- SALVAR AS EVIDÊNCIAS

Gravar e arquivar o máximo de informações das páginas e mensagens onde o conteúdo foi compartilhado: salvar URLs, tirar prints das telas, arquivar e-mail e guardar conversas trocadas por aplicativos de mensagens.

2- ATA NOTARIAL

Se pretender abrir um processo judicial contra o autor, registrar o material em tabelionato de nota como ata notarial (este é um procedimento feito pelo tabelião que atesta que o material é verídico).

3- DENUNCIAR

Faça um Boletim de Ocorrência em uma delegacia próxima, ou se houver em sua cidade, uma delegacia especializada em crimes cibernéticos ou delegacia da mulher. Se for menor de idade, fazer uma denúncia na página da SaferNet como conteúdo de pornografia infantil em www.denuncie.org.br.

4 - REPORTAR NA PLATAFORMA

Reportar à plataforma onde está hospedada a imagem e solicitar remoção. Conteúdos de nudez sem autorização violam as regras das principais plataformas, portanto procure o botão que permite denunciar a publicação. No caso do Facebook, acesse a central de ajuda para saber como fazer.

6 - SOLICITAR REMOÇÃO DAS BUSCAS

O buscador do Google oferece um formulário específico para solicitar a remoção. Lembrando que isso não fará com que a imagem seja removida da página onde está hospedada, mas não aparecerá mais associada ao nome da vítima nos resultados da busca do Google. Preencha este formulário com todas as informações que possui. Esses formulários podem ser preenchidos pelos responsáveis legais de menores de 18, por advogados ou outros representantes legais da vítima da exposição não autorizada.

O Google não é responsável pelos conteúdos dos sites, apenas pelas buscas. É importante tentar contato também com o responsável pelo site que publicou seu conteúdo sem autorização. Caso não tenha conseguido esse contato ou não tenha informações sobre o webmaster, escolha a opção: “Não, não encontrei qualquer informação de contato”.

Não seja um espectador!

O mais preocupante é que esse tipo de violência não só não é levado a sério, como também é compartilhado, comentado, curtido e viralizado. Grupos com milhares de pessoas em aplicativos de mensagens compartilham vídeos e fotos de mulheres que não consentiram em expor sua intimidade, algumas delas menores de idade, o que é um crime grave. É por isso que os nudes continuam mobilizando uma grande audiência e alguns se tornam virais.

Ouça o podcast Recorte: 

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