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44% da água potável do Ceará é desperdiçada, aponta estudo

Apenas um a cada quatro cearenses vive com coleta de esgoto; cerca de 40% da população do Estado não tem acesso à água potável

Um total de 44% da água potável do Ceará foi desperdiçada em 2018, de acordo com estudo do Instituto Trata Brasil divulgado nessa quinta-feira, 4. Essa porcentagem não chega de forma oficial a ninguém: se perdem em vazamentos, roubos ("gatos"), fraudes, erros de leitura dos hidrômetros, entre outros problemas.

A média cearense é ainda superior à nacional, que registrou 39% de perdas. Considerando todo o território brasileiro, a perda de faturamento decorrente da água desperdiçada foi de R$ 12 bilhões, valor equivalente aos recursos investidos em água e esgotos no Brasil no mesmo ano. Além disso, houve um aumento do prejuízo de cerca de 25% em relação a 2015 — nesse ano, foram perdidos R$ 9,8 bilhões.

Dos estados com piores índices, apenas três não são do Norte ou Nordeste do País.
Dos estados com piores índices, apenas três não são do Norte ou Nordeste do País. (Foto: Divulgação/Instituto Trata Brasil)

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O presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, argumenta que há elementos para que o cenário fosse diferente. “É desanimador ver que, mesmo importantes regiões do país tendo sofrido crises hídricas recentes, as autoridades e empresas operadoras continuam não priorizando o combate às perdas de água potável. Estamos tirando mais água da natureza, não para atender as pessoas, mas para compensar a ineficiência do setor", ponderou.

O desperdício de água acontece de forma diferente nas regiões do País. Norte e Nordeste lideram o ranking, com índices de 55% e 46% de perda, respectivamente. Já a região com menor taxa de desperdício é o Sudeste, com 35%. Em relação ao cenário global, o Brasil é o oitavo país que mais desperdiça água potável.

Mais da metade da água potável captada na região Norte não chega oficialmente á população.
Mais da metade da água potável captada na região Norte não chega oficialmente á população. (Foto: Divulgação/Instituto Trata Brasil)

Para Pedro Scazufca, pesquisador do Instituto Trata Brasil, uma alternativa para que as perdas sejam reduzidas é ter uma maior participação da iniciativa privada na gestão da área. Ele citou, por exemplo, a possibilidade de que sejam celebrados contratos de performance, que condicionam a remuneração de acordo com os resultados obtidos.

O especialista ressaltou ainda que esse investimento inicial para conter perdas será compensado ao longo dos anos. De acordo com estimativa do Instituto, o Brasil terá ganho líquido de até R$ 39 bilhões até 2033 se adotar as medidas mais adequadas.

No Ceará, 41% da população não tem acesso à água potável, de acordo com dados de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Além disso, 75% dos cearenses vivem sem coleta de esgoto: a porcentagem equivale a mais de 6,5 milhões de pessoas.

O POVO entrou em contato com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), responsável pela gestão da água no Estado, e aguarda resposta.

Sobre o Instituto Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. Atua desde 2007 com objetivo de que o cidadão seja informado e reivindique a universalização do “serviço mais básico, essencial para qualquer nação: o saneamento básico”.

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